sábado, 28 de novembro de 2009

MUDANÇA

Todos os dias ouvimos esta frase "MUDE O SEU MUNDO QUE O MUNDO MUDA", a propósito da poupança de energia. Que bom seria se cada um de nós fizesse desta frase um lema de vida. Certamente teríamos um mundo melhor, no mínimo diferente.
É necessário que apliquemos este lema a todos os actos da nossa vida, especialmente à nossa vida espiritual, interiorizando a grandeza e a profundidade que um espírito de mudança encerra.
Se conseguirmos mudar um pouco de nós mesmos, o que é difícil, porque estamos presos a hábitos e "valores" que não queremos modificar, por comodismo, inoperância, convicção, etc., estamos a contribuir para mudar o mundo.
Só nos podemos mudar a  nós mesmos, aos outros é impossível, mas a pessoa mais difícil de mudar somos nós próprios, porque somos em geral avessos à mudança, instalados no nosso amor próprio e, quase sempre, na passividade das nossas atitudes.
A mudança de atitudes é fundamental para operar uma transformação no nosso comportamento diário. Momento a momento,dia a dia, vamos adquirindo uma propensão para mudar, modificando pequenas coisas que jamais pensamos que estariam a influenciar o nosso comportamento. Ao fim de algum tempo de persistência, variável de pessoa para pessoa, verificamos que deixamos de efectuar aquele hábito que executamos durante tantos anos, que nos foi ensinado e transmitido, quantas vezes, de geração em geração. Só assim, persistentemente, vamos alcançando gradualmente um crescimento interior que nos catapulta para a mudança.
Tempos de crise, são quase sempre tempos de mudança. São exemplos, nada edificantes, as guerras, que em diferentes épocas e regiões avassalaram o mundo. Será que o ser humano está condenado a só mudar o seu comportamento através de catástrofes?
O ser humano é o único à face da terra dotado de inteligência, por isso é-lhe exigido que utilize esse dom em benefício próprio, melhorando sempre a sua actuação no sentido superior do seu crescimento interior rumo à perfeição.
O grande objectivo do ser humano é atingir a felicidade, que é relativa a cada um de nós, mas que tem em comum um estado de alma, de tranquilidade e de paz interior que só se alcançam praticando o bem.
Como é que se pratica o bem? Modificando os nossos defeitos de carácter, que adquirimos ao longo dos anos, tornando-nos pessoas melhores do ponto de vista ético, moral, social, etc. Desta forma, modificando-nos, estamos a mudar o mundo para melhor, evitando catástrofes para nos obrigar a modificar o mundo.
É pois duma forma voluntária, simples e não imposta, que podemos modificar-nos e mudar o mundo, contráriamente às catástrofes que são impostas por um conjunto de seres que nem sempre querem ou procuram os mesmos interesses, sujeitando a humanidade aos seus próprios interesses, quase sempre abomináveis.
Para mudarmos as nossas atitudes só é preciso vontade e coragem, dois ingredientes que bem doseados nos ajudam a mudar o nosso comportamento e nos permitem crescer como seres humanos duma forma saudável e equilibrada rumo à felicidade.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

"OS DONOS DO MUNDO"

Já em tempos escrevi noutro blog acerca deste tema. Volto a fazê-lo porque está sempre presente no dia a dia, em toda a parte onde infelizmente nos defrontamos com este flagelo da humanidade que corroe a sociedade em que vivemos como um nódulo de ferrugem que começa de pequena e vai alastrando sem controlo.
Os "donos do mundo" a que me refiro não são donos de nada, nem deles próprios são donos quanto mais donos de alguém. Eles são, isso sim, pessoas sem educação e formação, sem princípios elementares de vivência em sociedade que não receberam em casa e muito menos na escola, onde os professores, com medo deles e dos pais, se auto destituíram do dever de formar e educar para a cidadania, função que também compete à escola.
No mundo em que vivemos e em que tanto se proclama e invoca a liberdade, cada vez mais temos menos liberdade, por que cada vez mais as pessoas se convencem que a liberdade é exclusiva deles.
Este fenómeno vai-se alastrando pelo mundo inteiro descontrolada e impunemente, como bola de neve, sem que os governantes, a quem cumpre velar pelo bem dos cidadãos, tomem medidas preventivas que passam pela educação e dignificação do ser humano na vertente social, económica e cultural, contribuindo para a edificação de um mundo mais justo, equilibrado e humano, sem necessidade de recorrer às medidas punitivas que são na maior parte das vezes injustas, iníquas e desumanas.
A educação para a cidadania é urgente e necessária desde tenra idade, ajustada ao longo de toda a vida do ser humano para as realidades factuais da sociedade em que vivemos.
Na minha perspectiva, quanto mais cedo os governantes entenderem que esta medida de carácter social for implementada, mais cedo se conseguirá alcançar a dignificação do ser humano e consequentemente se atingirão resultados satisfatórios e compensadores do investimento feito, em todos os sectores de actividade.
A aposta no futuro está em desenvolver e fomentar acções que contribuam para a dignificação do ser humano, tornando-o um ser melhor, mais humanizado, criando desta forma riqueza cultural que se traduzirá inevitavelmente noutras formas de riqueza, porque o ser humano instruído e humanizado, vai com certeza contribuir para a construção sustentada de um mundo melhor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O DEVER DO DEVER


O dever é filosoficamente falando uma obrigação. Obrigação que não é  nem física nem racional, antes derivada de uma obrigatoriedade com origem numa ordem ( o seu carácter deriva consoante as diversas éticas existentes: Natureza, Deus, Autoridade).
Para Kant  o dever é a necessidade de actuar por puro respeito à lei.
Se considerarmos o dever em si mesmo (quanto à forma) é a obrigação moral, inerente ao próprio sujeito em observar a lei. (in Grande Dicionário Enciclopédico).
Sob este aspecto existem várias formas de dever, consoante a posição que ocuparmos, na família, no trabalho, na sociedade.
O  cumprimento do dever é fundamental numa comunidade, dele dependendo o futuro dessa comunidade.
A falta de cumprimento do dever de um ou mais elementos dessa comunidade origina perturbações no seio dela, muitas vezes irreparáveis, levando quase sempre ao seu mau funcionamento e desmembramento quando é fraca a sua sustentabilidade e pequena a sua influência. Por exemplo numa comunidade familiar, o núcleo mais pequeno, quando um dos membros não cumpre com um ou mais deveres, se atempadamente não forem tomadas medidas atinentes a suprir esses incumprimentos, entra em colapso.
No mundo laboral numa empresa onde um dos membros, patrão ou empregado, não cumpre com os deveres inerentes a cada um, surgem inevitavelmente problemas de funcionamento. Se o empregado é desleixado, preguiçoso, abstinente, se, como é costume dizer-se não veste a camisola da empresa  ou se o patrão é prepotente, não paga o salário aos empregados, existe de parte a parte incumprimento do dever e consequentemente esta empresa não pode ter sucesso e vai à falência.
Na sociedade em geral dum país que se rege por normas de direito, o problema é semelhante, mas atingindo proporções e dimensões maiores, muitas vezes difíceis de solucionar e irreparáveis quando redundam em conflitos em que as vítimas são em primeiro lugar os inocentes, os idosos, duma forma geral o ser humano. São muitos os exemplos que se podem enumerar, dos simples distúrbios de bairro aos atentados, conflitos raciais, bélicos, etc.
Em oposição ao dever temos o direito. É dever de cada um de nós respeitar o direito do outro. Só assim contribuiremos para um mundo melhor.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O CENTRÃO

Tenho ouvido muitas versões e opiniões acerca do "Centrão". Para mim o "Centrão" é um movimento invisível que se desloca ora para a esquerda ora para a direita consoante os interesses pessoais.
Este movimento não é recente, surge na monarquia liberal movendo-se alternadamente ora para os Progressistas ora para os Regeneradores.
Na I República andou perdido, disperso por diversos partidos sem se encontrar, pulverizando-se pelos partidos que então proliferavam.
Na ditadura ficou mudo e quedo, amordaçado; manteve-se silencioso, expectante, esperançado ressuscitar um dia.
Finalmente a liberdade com o 25 de Abril. As portas abriram-se inesperadamente e, como uma avalanche, irrompeu descontroladamente, sem que estivesse preparado para enfrentar a luz do dia que despontava na sua frente. Ficou incrédulo, confuso, cambaleante como alguém que sai do fundo do túnel e que a luz cega. Encostou-se a quem lhe estendeu a mão e lhe deu amparo, libertando-o da cegueira a que a ditadura o tinha conduzido durante 48 longos anos, que lhe toldaram o querer, o sentir e agir de modo próprio.
Pouco a pouco foi-se adaptando e agindo em função dos próprios interesses e começou gradualmente de impor  a sua vontade, condicionando o poder a todos os níveis: local, regional, social, económico, político, cultural e nacional.
É no fundo um poder invisível que os políticos temem e que os enreda numa teia bem urdida e tecida como a que a aranha tece para envolver a sua presa, que fica amarrada sem poder fugir.
Esse poder invisível , sem rosto, é anónimo e incontrolável, move-se a seu belo prazer; se entende que se deve aliar à esquerda, porque esta lhe dá melhores benefícios, fá-lo sem avisar, é enganador, não respeita as sondagens deixando tudo e todos estupefactos, o mesmo acontecendo quando resolve virar à direita.
É por isso uma força oculta que assusta os políticos deixando-os na maior parte das vezes sem saber como agir perante o imponderável.
Bem ou mal, quem comanda de forma invisível, dissimulada, imprevisível, os destinos do país para o bem ou para o mal, consoante a opinião de cada um , é o"Centrão".

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

GANHAR E PERDER

Na noite das eleições os políticos e comentadores afectos às facções políticas envolvidas, habituaram-nos a um jogo de perde e ganha em que invariavelmente ninguém perde, todos ganham.
Nestas eleições o panorama foi semelhante a outros actos eleitorais anteriores.
Começando pelo Partido Socialista (PS) é óbvio que foi o vencedor com 36,5% dos eleitores a preferirem-no, mas, por outro lado, perdeu a maioria absoluta. Dos 2.573.869 eleitores que lhe permitiram eleger 121 deputados em 2005, passou a 2.068.665 eleitores, ou seja 96 deputados. Houve um decréscimo de 505.204 eleitores equivalente a menos 25 deputados. É certamente uma grande derrota, se considerarmos que governou em maioria, com todas as condições  para fazer um bom trabalho, antes da crise surgir, o que não aconteceu.
O Partido Social Democrata (PSD) também ganhou relativamente a 2005 porque registou uma subida de 72 para 78 deputados, contudo, consideram os analistas que foi o grande derrotado porque se esperava mais do maior partido da oposição. Perdeu a oportunidade de ser governo.
O Centro Democrata Social-Partido Popular (CDS-PP) foi sem dúvida o grande vencedor porque ganhou em todos os aspectos. Passou de quarta para terceira força política, defraudando as expectativas do Bloco de Esquerda que ambicionava esse lugar e lutou por ele.Obteve 592.064 eleitores, mais 177.021 que em 2005 elegendo 21 deputados, mais nove que na última legislatura.
O Bloco de Esquerda(BE) continua a subir conseguindo nesta eleição dobrar o número de deputados através dum surpreendente score eleitoral de mais 192.679 eleitores relativamente às últimas eleições legislativas em que se demarcou positiva e definitivamente como força política em ascensão.Contudo, perdeu a possibilidade ambicionada de conseguir ser a terceira força política e assim determinar o sentido da governação de esquerda, como era seu intuito.
Por último o Partido Comunista Português-Partido Ecologista "Os Verdes"(CDU), foi uma força vencedora e perdedora, consoante a perspectiva da análise. Ganhou mais 14.165 eleitores o que lhe possibilitou eleger mais um deputado, porém, perdeu o lugar de terceira força política passando para a quinta posição, abaixo do Bloco de Esquerda.
A força política mais votada foi sem dúvida A ABSTENÇÃO; 3.678.536 eleitores equivalente a 39,4% dos portugueses,  não quiseram pronunciar-se, não votando.
Não se pode dizer que é uma força vencedora, por que quem não vota, não decide,  perde a possibilidade de se exprimir e assim contribuir para reforçar a democracia. Mas quem mais perdeu foi o País, que o mesmo é dizer o povo português.
Cada vez mais há entre os portugueses um desânimo e desencanto relativamente aos políticos e ao sistema, que se traduz na abstenção, pondo em causa o regime democrático.
Verificou-se nestas eleições uma fuga para as alas, um êxodo do eleitorado para os extremos, esvaziando o centro, penalizando-o pelas sucessivas governações sem êxito ao longo dos anos que levamos de democracia.
Com este pulverizado resultado eleitoral, no meio da crise em que o País se encontra, com o deficite que tem, nada pior podia acontecer a Portugal que uma indefinição política desta natureza.
O País precisa de estabilidade para resolver a crise. Ou os partidos se entendem para encontrarem uma solução de estabilidade governativa ou então o caminho para o afundamento será rápido e sem possibilidade de emergir da crise nos próximos anos.
Oxalá os responsáveis políticos, duma vez por todas abandonem os seus pruridos e deixem cair os galões em nome de Portugal e tenham a humildade de admitir que erraram uns, e, outros reconheçam que o facto de terem ganho não lhes dá o direito de fazer exigências, mas sim encontrar uma forma de entendimento para derrotar o desânimo e o desencanto que grassa na maioria dos portugueses, A ABSTENÇÃO, chamando-os a colaborarem na construção dum País moderno, solidário, humanista, inovador, onde apeteça viver e ser feliz.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

EMPREGO/TRABALHO

O tema do Fórum da T.S.F. desta manhã era sobre emprego. Fala-se muito na falta de  emprego, da necessidade de criar emprego, de como criar emprego, mas não se fala de preencher o emprego que há  em certos sectores e que ninguém está interessado nele.
Os portugueses, no seu país, dão-se ao luxo de escolher e rejeitar certo tipo de emprego para o qual estão qualificados, no entanto, quando emigram, aceitam todo o tipo de emprego, inclusive aquele que no seu país rejeitaram. 
Como explicar tudo isto? Por vergonha, por orgulho, desprestígio! Talvez um pouco de tudo, o que é lamentável.
Invocam na maioria dos casos, razões salariais mais elevadas, mas raramente referem as condições de trabalho a que se sujeitam para garantir emprego, quantas vezes precário e ilegal.
As razões salariais não são motivo que justifique a ausência do pais  e dos familiares, por que em geral, a diferença salarial é inferior ao desnível do custo de vida desses países relativamente ao nosso. 
A alimentação, os transportes, as rendas de casa, são mais elevadas na maioria dos países de emigração. O que acontece é que esses emigrantes, que rejeitam emprego no seu país, sujeitam-se a alimentar-se mais comedidamente, a irem para o trabalho a pé para economizar o passe do transporte e a viverem em casas sem condições mínimas, até por vezes em bairros de lata, coisa que no seu país em circunstância alguma aceitariam.
Ainda há bem pouco tempo, uma fábrica duma multinacional que se instalou recentemente no distrito de Viana do Castelo, teve dificuldade em contratar pessoal para iniciar a laboração da fábrica. Alegavam os que foram à entrevista que era pouco dinheiro para o trabalho que lhes propunham.
O fundo de desemprego, da forma como está a ser aplicado, não incentiva a quem se encontra numa situação crítica de desemprego, a procurá-lo para melhorar a situação de vida instável em que se encontra o desempregado, pelo contrário, constitui um estímulo ao desemprego.
O fundo de desemprego não pode suportar uma avalanche tão grande de desempregados durante tanto tempo, sustentado apenas por um cada vez mais reduzido número de contribuintes activos, sob pena de se dar o colapso económico-financeiro desse fundo (se é que já não se deu?).
Se os braços válidos que existem neste país se dispusessem a trabalhar, rapidamente sairíamos da crise em que vivemos constantemente. Para que este cenário se concretizasse só eram precisas duas coisas, confiança e seriedade.
Confiança da parte do trabalhador esperando que no final do mês o empregador lhe pague o salário justo em função do trabalho que efectuou. Seriedade do empregador que respeitando o princípio de "para trabalho igual salário igual", cumpriria com este dever fundamental.
O respeito mútuo entre empregador/trabalhador são a base do sucesso de qualquer actividade e contribuem para o crescimento da mesma e do país.
Cabe ao governo da nação fiscalizar as duas partes, criando regras simples, mas eficazes, para que o trabalho seja cumprido e dignificado.
Está nos manuais que a força do trabalho é o capital mais importante que um país tem para crescer a todos os níveis, cultural, social e económico.
Outro slogan que aprendemos,"é pelo trabalho que o homem se dignifica". Sem dúvida que o resultado de quem trabalha é um valor comparado com o resultado de quem nada faz.
Saibamos dignificar-nos, trabalhando para nosso benefício pessoal e da humanidade. Denunciemos os que nada fazem e incentivemo-los a trabalhar.
Costuma-se dizer que o trabalho dá saúde. É um facto que quando se anda absorvido com o trabalho não se pensa em doenças e muitas delas, especialmente as do foro psíquico desaparecem, porque não magicamos nelas.
Sou a favor do trabalho e contra o ócio. O trabalho não traz mal ao mundo enquanto o ócio só traz vício e mal.

domingo, 6 de setembro de 2009

INFLUÊNCIAS

Todos somos influenciados, quer queiramos quer não, em maior ou menor escala, consoante o nosso grau de independência relativamente aos aspectos essenciais da vida em sociedade.
Quanto maior for o sentido da responsabilidade, aliado ao dever intrínseco de cada um  em cumprir com os deveres de cidadania, menor é a influência e dependência face aos constantes apelos externos que proliferam na sociedade contemporânea.
A influência dos poderosos; política, económica e mesmo religiosa (já foi mais preponderante) é notória na sociedade, em pequenos e aparentemente irrelevantes  gestos, actos e atitudes. Aos olhos da maioria das pessoas é até tomado como um sinal de respeito, de prestígio, de autoridade, ... de poder!
O culto do poder é infelizmente ainda tido como algo que se tem para dominar os outros, para ser preponderante. Contrariamente, o detentor do poder deve usar esse poder em benefício da sociedade, quer no aspecto político, religioso e económico, por que esse poder advém dos outros, que através do voto, da fé ou do trabalho o elegeram, como sendo o mais indicado para exercer esse poder.
Ninguém no mundo, sozinho, consegue o poder sem a ajuda dos outros. O único poder que cada um pode obter sem a ajuda dos outros é o próprio poder (auto controle) sobre si mesmo. Aquele que consegue este domínio, costuma-se dizer que é dono de si e do mundo.
O ser que consegue este feito é normalmente um ser independente, íntegro, com uma personalidade e carácter invulgares. Nos dias de hoje poucos o conseguem e os que realmente conseguem reunir todos os atributos necessários, para se afirmar como tal, são sem dúvida os verdadeiros detentores do poder.
O mundo e a sociedade que formamos impedem-nos de seguir os sãos princípios que conduzem a um verdadeiro estado de poder.
Costuma-se dizer que o poder, tal como a maioria o entende, corrompe; ora, o poder como deve ser entendido, não pode em circunstância alguma corromper, sob pena de deixar de ser poder, para passar a ser corrupção.
O poder não pode ser influente. No momento em que influencia este ou aquele acto, esta ou aquela pessoa, deixa de ser poder para a ser tráfico de influência e ruir pela base.
O poder não pode ser prepotente, porque a partir do momento  em que alguém pretende usar o poder pelo poder deixa de ter poder para passar a ser um fraco que se vale do poder para se defender a si próprio.
Todos os dias nos deparamos com actos, atitudes ou gestos dos senhores, dito poderosos, com os quais não concordamos, mas que nos custa denunciar, faltando-nos coragem para o fazer. 
O pequeno gesto do sr. fulano...passar à nossa frente na fila do banco; o estacionamento do sr. Presidente da Câmara em cima do passeio, quando ele próprio impôs coimas a quem o pratique, etc..., devem ser denunciados, é um acto de cidadania e, é em nome dessa mesma cidadania que o devemos fazer. Só assim contribuiremos para a melhoria da sociedade em que vivemos, acabando com as influências dos poderosos sobre aqueles que os guindaram ao patamar do poder.
O poder que lhes conferimos através do voto, da fé de cada um, do trabalho honesto que desenvolvemos e que lhes permitiu a obtenção de lucros que só por si jamais os conseguiriam, a não ser por actos ou meios ilícitos, merecem respeito e reciprocidade de tratamento.
Aproximam-se as eleições legislativas e autárquicas, que cada um saiba utilizar o poder do voto, real e autêntico, em benefício do bem comum, isto é, ponderemos bem a quem devemos entregar o nosso poder para ser gerido convenientemente e não hipotecado mais uma vez, como tantas vezes tem sido.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

PONTO DE VISTA

Conforme o local em que nos situamos assim é a nossa visão das coisas que nos rodeiam.
Quando subimos a uma montanha, à medida que vamos progredindo na subida, vamos tendo novos horizontes, consequentemente pontos de vista diferentes.
É costume aplicar-se "ponto de vista" quando nos referimos a uma opinião dizendo: - "É o meu ponto de vista..." ou "do meu ponto de vista...".
Na minha opinião ou do meu ponto de vista, considero que devemos respeitar as opiniões (pontos de vista) dos outros embora nem sempre concordemos com elas.
A formação da opinião tem muitas variantes consoante a posição (ponto de vista) em que cada um se encontre.
A formação da opinião é educacional, social, política, económica em suma cultural. Ela é educacional enquanto depende da forma como fomos educados em casa e na escola. Se recebemos em casa e/ou na escola uma educação pautada pelos princípios da honestidade, humildade, solidariedade, bondade, etc, com certeza que ao emitirmos o nosso ponto de vista este se baseará nestes valores. Se pelo contrário a educação que recebemos foi contrária a estes princípios básicos a que deve obedecer a formação educacional de todo o ser humano, naturalmente que agiremos em conformidade com aquilo que recebemos. Costuma-se dizer "quem não recebeu não pode dar"ou "damos consoante recebemos".
Socialmente, o meio em que crescemos e nos movimentamos tem muita influência na formação da opinião. O menino que cresceu no bairro de lata, na favela, habituado a lidar com as dificuldades e adversidades do meio que o rodeia e lhe é familiar, moldou-o de tal forma que dificilmente muda a sua maneira de ser, de pensar e de agir, contribuindo assim para a formação do seu ponto de vista, opinando de maneira diferente daquele que nasceu numa mansão e cresceu sempre num ambiente proteccionista e seguro, rodeado de criados, protegido de tudo o que lhe possa causar malefícios.
O factor económico, muito ligado ao social, tem a ver essencialmente com o dinheiro, esse vil metal que faz girar o mundo e que influencia grandemente a formação da opinião consoante se tem ou não dinheiro. O indivíduo que é detentor de riqueza, que não lhe custou a ganhar, porque foi herdada ou conseguida duma forma desonesta e fácil, tem um ponto de vista diferente do indivíduo que é pobre por nascimento, para quem o dinheiro custa a ganhar, porque lhe sai do corpo o esforço diário para ganhar um ordenado que na maior parte das vezes mal chega ou não chega mesmo para se sustentar e aos seus.
A opinião política é mais complexa de definir porque é consequência de várias variantes, que a condicionam e influenciam. Não existe uma regra geral que suporte a posição política que cada um assume. Uns são de esquerda porque na família tiveram ou têem alguém que sempre defendeu os princípios de esquerda, da igualdade, fraternidade, solidariedade, nem sempre exequíveis, mas que se aceitam em respeito ao princípio da ACEITAÇÃO.
Outros são de direita, também por influência de antecedentes familiares, mas também porque a direita para além do humanismo, defende ainda valores patrimoniais intangíveis e conservadores com que se identificam.
Não quero com isto, caracterizar as ideologias de esquerda e de direita, que são naturalmente mais abrangentes. Referi apenas aspectos simplistas da formação da opinião política.
Há muitas pessoas que não sabem explicar porque são de esquerda ou de direita. Um amigo meu disse-me um dia, a este propósito, que era como ser do clube A ou B. É-se, não tem explicação ou então são tantos os factores que nenhum prevalece sobre o outro, é uma confusão, daí os que andam sempre a saltar de partido em partido, jamais se encontrando.
Neste momento político que atravessamos, com duas eleições pela frente a menos de um mês, seria bom que os políticos apresentassem soluções para resolver os problemas do país, consoante a sua opinião política, sem confrontos, nem ofensas pessoais, respeitando as ideias de cada um, deixando ao eleitor a possibilidade de formar uma opinião clara e consciente, sem confusões nem pressões.
Que os políticos saibam respeitar os pontos de vista uns dos outros defendendo sempre o princípio da ACEITAÇÃO, sem fugir à verdade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

MULETAS

Segundo o Grande Dicionário Enciclopédico, MULETA (cast. muleta). s. f. Bordão com uma travessa na extremidade superior, que serve de apoio aos coxos ou tolhidos das pernas.
Muleta era também o nome dado a uma antiga embarcação de pesca à vela utilizada pelos pescadores do Seixal na pesca de arrasto no rio Tejo.
Estes significados estão correctos, porém, em sentido figurativo costuma-se aplicar o termo muleta como o apoio dado a alguém para atingir um determinado objectivo, profissional, social, económico, etc.
A sociedade portuguesa, apesar de uma grande melhoria verificada nos últimos tempos, vive ainda vinculada a este vício que se instalou nos diversos sectores e níveis sociais e culturais. Não posso precisar em que época começou este fenómeno que tem persistido nos usos e costumes. É cultural e foi relevante e decisivo em certas épocas e momentos da nossa história.
Ainda há pouco tempo, antes do 25 de Abril, quem não tivesse uma muleta (vulgo cunha), dificilmente conseguia arranjar um emprego, mesmo que tivesse algumas qualificações, académicas ou não.
Preteria-se o mérito e o valor pessoal em detrimento da "cunha" feita pelo sr. Dr..., pelo sr. General..., pelo sr. Almirante..., etc.
Muitos da minha geração ou foram vítimas ou utilizaram esse esquema. Os primeiros tornaram-se naturalmente contestatários, foram perseguidos e presos, mas, pós 25 de Abril, foram responsáveis político-partidários, chegando alguns deles a desempenhar altos cargos governamentais. Os segundos conseguiram cargos graças a essas "ajudas" milagrosas, foram alguns deles responsáveis pelo atraso a todos os níveis a que chegou o nosso país.
Não é promovendo o medíocre que se consegue progredir, antes é, apoiando e incentivando o inteligente e criativo que se obtém o sucesso.
As muletas foram e continuarão a ser assim um obstáculo ao desenvolvimento e progresso da humanidade.
Ninguém pode imaginar qual teria sido o desenvolvimento, social, económico e cultural do nosso país se esse estigma que o antigo regime protegeu e incentivou politicamente através do compadrio político não tivesse existido. Quem fosse a favor do regime estava garantido quem fosse contra estava tramado.
Não podemos avaliar, mas podemos comparar com os países que não foram vítimas deste sistema vicioso e analisarmos as diferenças culturais, sociais e económicas resultantes dessa actuação.
Actualmente, esse estigma que nos persegue, ainda está latente em alguns sectores da sociedade, pronto a proliferar se alimentado, como um cancro da sociedade, impedindo-a de atingir metas e objectivos que conduzam a sociedade aos mais altos patamares do desenvolvimento cultural, social e económico.
Neste dealbar do século XXI, não podemos cair na tentação, sob pena de ficarmos paralisados, tornando-nos nos trogloditas deste século.
Saibamos aprender a lição que a história nos ensinou.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

ROUPA SUJA

As forças políticas quando lhe faltam argumentos ou querem fugir aos problemas reais, baixam a linguagem e começam de se agredir mutuamente.
As campanhas eleitorais ainda não começaram e, todos os dias, os políticos nos brindam com esse tipo de linguagem, que em nada dignifica quem a utiliza.
Os que governam acusam os que estão na oposição pelo que não fizeram quando estiveram no governo, em vez de governarem sem arranjar alibís. Os da oposição, outrora governantes, acusam o governo de não fazerem aquilo que eles não conseguiram fazer quando estiveram no governo. Ficam de fora os que ainda não governaram ou, se já o fizeram, foi há muito tempo. A estes assiste-lhe o benefício da dúvida.
O povo português, já o demonstrou por diversas vezes, prefere jogar pelo seguro, não arrisca, tem medo de ficar refém, como aconteceu com a ditadura.
Talvez por essa falta de coragem em não correr riscos, nos vamos acomodando. Somos, como é costume dizer-se,
"um povo de brandos costumes" e eu diria que somos um povo sem garra, sem vontade de sair do poço, acomodado ao lamaçal em que uns quantos políticos nos mantêem atolados sem nos podermos levantar.
Deixamo-nos enlevar pelas telenovelas políticas de
" quem faz a quem", "quem disse o quê de quem", atentos ao televisor para ver os capítulos seguintes, que os media vão urdindo à sua bela maneira, tentando esticar a corda, especulando, porque isso lhe dá audiências, invocando sempre o interesse público em sua defesa.
Já vai sendo tempo do povo português dizer basta a este carrossel que não pára e em que os políticos se vão revezando e maldizendo uns aos outros mas sempre "
amigos" porque, "hoje tu...amanhã eu..."
Às vezes dá a ideia que interessa alimentar esta novela para manter os portugueses distraídos dos reais problemas do país. Enquanto se discute o supérfluo, o mesquinho, evita-se falar no essencial, naquilo que interessa ao país e para o qual nenhuma força política apresenta solução válida e global. Fica-se sempre pelo hipotético e parcelar. Não se enfrenta a realidade e vai ao âmago da questão, porque isso não interessa, não dá votos.
Quando é que os políticos são capazes de dizer aos portugueses que o problema do país é cultural, é uma questão de princípios, de formação.
Ao longo dos tempos e mais recentemente, pós 25 de Abril, que fizeram os governantes para inverter esta matriz que nos afecta há séculos?
Poderão afirmar que é genético, que somos uma mistura de várias culturas e que temos de viver com esta identidade ancestral. E os outros povos do mundo também não tiveram uma miscigenação resultante do cruzamento através da movimentação das diversas etnias ao longo dos tempos?
Se à genética aliarmos a formação, que é um factor cultural, necessário ao entendimento e relacionamento do ser humano, conseguiremos mudar este cenário.
O que se fez de positivo em prol da cultura nos 35 anos que levamos de democracia? Pouco, muito pouco, comparado com aquilo que podia e devia ser feito. Não existe a nível dos responsáveis políticos um verdadeiro sentido de Estado. Não há uma aliança estratégica nas questões essenciais do país que se mantenha, independentemente da força política que governe no momento.
Quantos programas já foram feitos para o ensino em Portugal? Cada governo adopta um, fazendo dos alunos as cobaias.
Não existe um plano de fundo duradouro, que pode ser reajustado aos tempos, mas que mantenha os princípios básicos de toda a formação necessária ao desenvolvimento do ser humano.
O velho ditado "é de pequenino que se torce o pepino", eu diria, é de pequenino que se molda o carácter e a personalidade da criança, dando-lhe referências para a vida, sem coartar o direito que assiste a todo o ser humano de ser livre, deve ser aplicado na íntegra para bem de Portugal.
Deixemo-nos de lavar roupa suja, porque esse é um hábito cultural desprezível. Tratemos, cada um de nós, de fazer um bocadinho por melhorar esse defeito que herdamos. Desta forma estaremos a contribuir para melhorar a nossa forma de estar no mundo e consequentemente vivermos em harmonia e paz.
Alguém disse que "...o ser humano instruído é evoluído...", contribuamos para isso todos, a começar pelos políticos que devem dar o exemplo e tomar decisões correctas.
Reparemos no Presidente dos Estados Unidos Barack Obama que lidera a maior democracia do mundo. Estou esperançado que esse país vai sair da crise rápidamente, para bem da humanidade, porque os Americanos perceberam que o George Bush os tinha levado ao fundo do poço e tiveram a coragem de eleger alguém que lhes dá garantias de honestidade e trabalho, porque queiramos ou não, sem trabalho nada se consegue.


quarta-feira, 12 de agosto de 2009

INSATISFAÇÃO

Nem sempre sabemos dar valor aquilo que temos.
Isto vem a propósito de uma situação real que estou a constatar neste momento, em que me deleito, despreocupadamente, na esplanada da praia do Coral, vendo um indivíduo de cerca de 50 ou mais anos, que se movimenta de um lado para o outro, senta-se, levanta-se e olha insistentemente para um casal que se encontra a meu lado, de cerca de setenta anos ou mais, como querendo comunicar-lhes qualquer coisa.
Aos poucos, e sem querer, fui-me apercebendo que o indivíduo apresentava uma deficiência não muito visível, porque não era física, mas do foro psicológico.
Pareceu-me e confirmei-o daí a pouco, tratar-se de uma pessoa que apresentava sinais indeléveis de demência, que pude detectar quando a senhora lhe indicou um barco que saía a barra, era um veleiro; ele, titubeando, foi dizendo que era um barco de pesca e mais umas quantas palavras desconexas.
Constatei que era calmo e, à parte os sinais que referi, apresentava uma postura simpática e meiga, sinal que recebia afecto e carinho, mas que tinha estima e respeito pelas pessoas com quem lidava. Ficava focado nelas, como uma criança que não larga os pais com medo de perdê-los; era uma criança grande.
Reparei que o senhor levantou-se para ir à casa de banho e o indivíduo seguiu-o com o olhar e estava constantemente a olhar para a porta por onde ele entrou, só desviando o olhar quando ele saiu, mostrando um ar de satisfação.
Não me consegui aperceber se era filho do casal ou um irmão mais novo de algum deles. Para o caso este pormenor é de somenos importância.
O senhor mais idoso perguntou-lhe: - Vamos para o hotel? Ao que o mais novo respondeu:- Está bem! E, logo que a senhora chegou, vinda da casa de banho, lá foram.
Veio-me então à ideia que a maior parte das vezes nós, aqueles que temos filhos ou familiares saudáveis, sem problemas físicos ou psicológicos, portanto seres normais, estamos insatisfeitos ;ou porque eles são irrequietos ou preguiçosos; ou porque não comem ou comem demais; ou por isto ou por aquilo...!
Costuma-se dizer: - "a cada um a sua cruz". Este casal tem a cruz deles, não parece muito pesada aos nossos olhos, mas é a cruz deles, somente eles a poderão avaliar.
Todos temos problemas, uns mais outros menos consoante o nosso estado de alma e a nossa disponibilidade e receptividade para encarar as situações.
O importante é valorizar cada momento da vida considerando-o o mais importante em cada instante.
Se assim procedermos viveremos em paz e felizes com aquilo que temos.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

UM MUNDO MELHOR

Os homens perpetuam-se pelas suas acções, pelas suas obras, enquanto vivem neste mundo conturbado, repleto de obstáculos e armadilhas cruéis e, quantas vezes, injustas.
Todos nascemos com uma genética própria, ímpar, em nada igual a qualquer outro ser humano.
É nesta diversidade genética que está contida a força da humanidade. Se completarmos esta herança genética com uma formação adequada e voltada sempre para os elementares princípios que devem reger todo o ser humano, estamos seguramente a contribuir para o fortalecimento e manutenção da humanidade. Inversamente, se à herança genética aliarmos uma formação (educação) baseada em maus princípios, desviantes duma conduta correcta das bases orientadoras da humanidade, estamos a contribuir para tornar o mundo um local impróprio para viver, destruindo-o.
Os grandes homens que dedicaram a sua vida a praticar o bem em prol da humanidade, jamais serão esquecidos.
Na nossa aldeia, no nosso bairro, na nossa rua, quando morre alguém que pautou a sua vida por praticar boas acções e fazer obra em prol do seu semelhante, desinteressadamente, costumamos dizer, lembrando-o: - "Era um bom homem ou uma boa mulher...";"Como ele(a) não aparece outro(a)..."
Alguns deles são reconhecidos ainda em vida pelos seus feitos. Poucos infelizmente. Normalmente só depois de mortos lhe damos valor. É assim o ser humano, ingrato para os que abdicam muitas vezes do seu bem estar pessoal, partilhando as qualidades natas ou riqueza pessoal em prol dos outros.
Quantas vezes os julgamos em vida, "Fulano podia fazer mais..." ou "Se fosse eu não fazia assim..." ou ainda "Ele não faz porque não quer..."
Aos artistas, por exemplo, avaliamos e comentamos, desdenhando a sua obra com frases deste género: "Que grande porcaria, já vi melhor..." e aponta-se defeitos como "Que estátua feia, também podia dar-lhe outro rosto...", esquecendo-se que o escultor passou horas a pesquisar para dar um aspecto o mais próximo possível da época em que as figuras representadas na estátua viveram.
A diversidade de cada um de nós dá-nos o direito à diferença mas jamais nos deve levar ao comentário jocoso ou injusto, isso só denota má formação, ignorância dos princípios básicos que regem a humanidade.
Se cada um de nós souber aproveitar o potencial genético com que nascemos, tendo consciência que as acções ficam com quem as pratica, e se aquilo que fizermos for no sentido positivo, então estaremos a transformar o mundo, tornando-o melhor.

sábado, 1 de agosto de 2009

DIREITOS E DEVERES (II)

O meu pai dizia-me várias vezes na minha juventude: - " Se as pessoas soubessem cumprir com os seus deveres e exigir os seus direitos, este mundo era um paraíso".
Esta frase, como muitas outras com que ele procurava educar os filhos no bom caminho da honestidade, amizade, solidariedade, etc, constituiu um lema em toda a minha vida.
Hoje, já avô, transmiti aos meus filhos esses princípios e procuro passá-los aos meus netos, como forma de cumprir um dever dos mais velhos, perpetuar os bons princípios educacionais e civilizacionais, alicerces de um mundo justo e melhor.
Se todos nós cumprirmos estes princípios que sustentam o edifício universal do mundo, estamos certamente a contribuir para a sustentabilidade da paz no mundo.
Nos tempos que correm, lamentavelmente, cada vez cumprimos menos com os nossos deveres e só exigimos direitos, na maioria das vezes a que não temos direito, porque primeiramente não quisemos assumir os nossos deveres enquanto cidadãos do mundo.
O lema dos tempos modernos é exigir antes de cumprir, quando devia ser o inverso, cumprir para depois poder exigir.
Cada vez mais é necessária uma educação para a cidadania que passa em primeiro lugar pelos pais e/ou familiares, pela escola, pelos órgãos de comunicação social, pelos fazedores de opinião, a quem se pede mais uma vez um papel interventivo, não passivo, deixando para os outros o que cabe a cada um no seu lugar desempenhar.
No mundo do trabalho, onde os direitos e deveres mais se questionam, onde existem contratos celebrados, preto no branco, como soe dizer-se, assistimos todos os dias ao incumprimento das regras básicas dos deveres e dos direitos quer por parte da entidade patronal quer por parte dos trabalhadores.
Como a cadeia parte sempre pelo elo mais fraco, as vítimas são quase sempre os trabalhadores, pese embora tenham os Sindicatos a defendê-los, mas também eles não cumprem para poder exigir, porque nalguns casos, foram coniventes com permissões que degeneraram em passividade.
Quando um trabalhador cumpre com o seu dever tem e deve exigir os seus direitos, sob pena de ser utilizado e abusado pelo empresário menos escrupuloso e cumpridor.
Por seu lado um empresário que cumpre com os seus deveres como empregador tem o direito de exigir do trabalhador que cumpra com os deveres estipulados em contrato individual ou colectivo.
Estes são os princípios em que deve assentar a relação laboral, porém, constata-se que na realidade assim não acontece e a todo o momento somos confrontados com notícias de despedimentos, de greves, de lockout, de fecho de empresas que não se conseguiram aguentar nessas disputas laborais, na maior parte das vezes por incumprimentos das duas partes que redundaram num extremar de posições que a nenhuma interessava.
No meio desta encruzilhada de extremismos, paga sempre
o justo pelo pecador.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O EXEMPLO

Costuma-se dizer que o exemplo vem de cima; que é pelo exemplo que damos, bom ou mau, que educamos os nossos filhos; que o bom patrão faz o bom empregado e vice-versa, consoante o exemplo que dá.
É comum inclusive utilizar a expressão "por exemplo" para referenciar um determinado facto ou coisa.
A maioria de nós foi educada seguindo o exemplo dos nossos pais e avós que nos transmitiram os mais elementares princípios de boa educação, o respeito pelos outros, os costumes, as tradições, a ética, a moral, a honestidade, a honorabilidade, a solidariedade e tantos outros exemplos. Tem sido assim ao longo dos séculos.
Nos tempos que correm, certos políticos, muitos dos quais em quem depositamos as nossas esperanças de construção de um mundo melhor, dão-nos péssimos exemplos de honestidade, de ética, de educação até, esquecendo-se que todas as atenções estão focadas neles e, o mínimo deslize, pode constituir um mau exemplo para a sociedade menos esclarecida.
Ultimamente, no sector financeiro, surgiram notícias nada exemplares para a opinião pública.
Não é minha intenção julgar antecipadamente esses políticos, ora arguidos em processos instaurados pelo Ministério Público, porque até ao julgamento há a presunção de inocência, contudo, é um facto a má condução dos negócios bancários em que estiveram envolvidos e em que foram responsáveis máximos.
Neste cenário que nos vem de cima, dos responsáveis, das pessoas que deviam dar o exemplo, em quem devemos confiar?
Aproximam-se eleições legislativas e autárquicas, naturalmente cada um vai defender as suas ideias, lançar promessas, apelar ao voto; será que ainda alguém vai acreditar neles depois de tantas expectativas não concretizadas?
Há dias um político disse: ... "pior que um ministro é um ex-ministro"..., nesta frase sintetizou tudo, que são todos maus.
Não estou a defender quem o afirmou nem o partido a que pertence. Este partido ainda não esteve no governo e ninguém nos pode garantir que se um dia lá chegar, como diz o povo " não se vira o feitiço contra o feiticeiro" e se o que agora afirma não se lhe aplicará e aos correligionários que o acompanharem nas funções ministeriais.
Por este andar e com base nos acontecimentos passados recentemente acho que podemos chegar à conclusão que o poder corrompe, mesmo os que proclamam altruísticamente a honorabilidade.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

PROMESSAS POLÍTICAS

Ainda não começou a campanha eleitoral já os políticos se apressam a fazer promessas - se eu for eleito..., se eu..., um sem número de se's indefinidos e inconsistentes, pois não passam de meras hipóteses.
Em trinta e cinco anos que levamos de democracia continuamos a ouvir os políticos prometer o que geralmente não cumprem. Como é que podemos acreditar neles?
Da esquerda à direita todos prometem coisas que sabem à partida que não podem cumprir. Fazem-no antes que outros se antecipem, com o intuito de ganhar votos, autênticos vendedores de "banha de cobra".
Nos meus tempos de garoto havia uma feira (ainda há) na minha terra, onde costumavam ir os charlatães vender produtos mais ou menos ilusórios tentando enganar o "Zé povinho". Entre eles ia um que pelas suas qualidades e dotes oratórios cativava os mais crentes. Era o vendedor de"banha de cobra" que reunia à volta dele grande número de pessoas fascinadas pela improvisação célere.
Os políticos de agora, indistintamente, fazem-me lembrar o vendedor de "banha de cobra" dos meus tempos de criança, com a vantagem que os charlatães ainda davam alguma coisa em troca dos escudos com que pagávamos o milagroso produto, enquanto que actualmente os políticos que nos conseguem convencer com promessas ilusórias, nada nos dão em troca dos impostos com que nos sobrecarregam quando atingem o poder.
Quanto dinheiro se gasta em campanhas eleitorais, pagas com o nosso dinheiro, para nos venderem ilusões?
Em nome da liberdade cometem-se tantos atentados à liberdade dos outros que se começa a por em causa essa mesma liberdade.
O 25 de Abril restituí-nos a liberdade de nos podermos expressar livremente, mas, quando em nome da liberdade se ousa afirmar coisas que não se pode cumprir, não se está a dignificar esse princípio supremo da humanidade que é a liberdade individual de todo o ser humano. É uma afronta e uma violação aos mais nobres princípios da democracia, falar em nome dela, mas subvertendo-a, desvirtuando as regras basilares em que ela assenta.
As campanhas eleitorais em vez de contribuírem para o engrandecimento e valorização da democracia, estão gradualmente a arruinar os valores que ela encerra. Em vez de serem um veículo de esclarecimento sobre questões importantes para a comunidade, são normalmente aproveitados para esgrimir na praça pública, combates sórdidos desprovidos de ideias e conteúdos, transformando-se quantas vezes em ataques pessoais que em nada dignificam os contendores e muito menos a democracia.
Atacam-se uns e outros pelo que fizeram e pelo que deixaram de fazer e não se procura como fazer, para melhorar o estado das coisas.
Será que os políticos quando falam estão convencidos que alguém de boa fé e minimamente esclarecido ainda acredita neles ao fim de 35 anos nos andarem a ludibriar, cada um à sua maneira, com promessas que não cumprem quando alcançam o poder?
Verifica-se estatisticamente que ao longo de 35 anos de democracia, a participação em actos eleitorais, percentualmente tem vindo a diminuir.
Para mal da democracia esses valores tenderão a acentuar-se negativamente. Os jovens não estão motivados, estão desiludidos, descrentes, por isso não votam. A população está envelhecida, tendo como consequência natural a diminuição do número de votantes.
O que será da nossa jovem democracia a curto prazo?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

DIREITOS E DEVERES (I)

As relações cliente/servidor nem sempre são as melhores. Os conflitos que surgem são devidos à falta de formação e educação de uns e de outros.
Reporto-me essencialmente ao sector da restauração e serviços afins onde se nota mais esta disfunção tendo por base os dois parâmetros essenciais a um bom relacionamento:- a educação e formação.
O servidor deve prestar ao cliente um serviço eficaz, tendo sempre presente que o cliente não é uma pessoa qualquer, mas sim um "amigo" que deu preferência ao seu estabelecimento, por isso merece atenção especial, dentro dos limites de educação e respeito mútuos.É ele quem pede e paga o serviço por isso tem direito a exigir que esse mesmo serviço lhe seja prestado com eficiência e correcção.
O cliente, sendo aquele que paga, tem o direito de exigir e reclamar, dentro dos princípios da boa educação.
Existem três tipos de clientes:-os intolerantes; os tolerantes e os indiferentes.
Os intolerantes são aqueles que nada desculpam e que são assertivos, agem no acto, chamando à atenção do servidor.
Os tolerantes são aqueles que vão desculpando gradualmente as faltas do servidor; vão "enchendo o saco" até que um dia rebenta. Pertencem ao grupo no qual me incluo.
Os indiferentes, como o próprio nome indica são aqueles que tudo desculpam e que não agem.
Quanto aos servidores, a classificação baseia-se nos dois parâmetros referidos atrás, educação e formação. Assim temos:-os que tem educação e formação; os que tem educação mas não tem formação; os que tem formação mas não tem educação e, por último, os que não tem nem uma coisa nem outra.
Os primeiros, que deviam ser a maioria, são raros. Encontram-se essencialmente em serviços que primam pela qualidade, os bons hotéis e restaurantes de luxo em que o grau de exigência é maior e a selecção mais apurada. Notam-se pela apresentação, pelo trato, pela discrição e bom senso.
Os segundos, tem a seu favor uma qualidade que é fundamental em todo o ser humano-a educação. São normalmente humildes, pedem desculpa por tudo, agradecem, mas falta-lhes o complemento da formação necessária ao desempenho do ofício. São em maioria, encontramo-los nos restaurantes, hotéis, bares, duma forma geral. Pena que não tenham recebido formação adequada.
Os terceiros, são normalmente eficientes, sabem do ofício porque tiveram formação imprescindível para exerceram o lugar, mas falta-lhes a educação que é o sustentáculo sólido do ser humano. Normalmente são arrogantes, boçais e inconvenientes, algumas vezes bajuladores. Nem sempre estes defeitos se encontram juntos, mas quando isso acontece é fugir deles.
Quanto aos últimos, não tem nada que os valorize. São uma minoria porque o meio os rejeita naturalmente em pouco tempo e não sobrevivem. Encontramo-los às vezes nos restaurantes, casas de dormidas e cafés dalgumas vilas e aldeias, onde normalmente são proprietários ou familiares e onde o lucro é o único objectivo. A imprensa diária por vezes relata casos de agressões verbais e físicas desses donos ou familiares a clientes.
Se cada um de nós souber dar-se ao respeito e respeitar os outros,atendendo aos deveres e direitos de cada um, está a contribuir para a preservação da liberdade individual e a contribuir para a construção da democracia e ... da paz!

terça-feira, 7 de julho de 2009

VIOLÊNCIA


Todos os dias somos confrontados com casos de violência.
Os órgãos de comunicação poem-nos ao corrente dos mais intrincados casos, poucos minutos após os factos terem ocorrido.
Vivemos na era da comunicação. Há quem defenda que determinados acontecimentos, pela sua violência atroz, deviam ser resguardados para não afectar os mais susceptíveis e vulneráveis emocionalmente.
Pessoalmente, e para me proteger emocionalmente, prefiro não saber, ouvir ou ver. Cada um terá de se precaver tendo em atenção as próprias vulnerabilidades emocionais.
Algumas estações televisivas relevam a divulgação desses acontecimentos como o mais importante, relegando para segundo plano outros aspectos sociais que em meu entender deviam contribuir para a formação pública constituindo uma forma de atenuar a própria violência.
Há quem goste de ouvir e ver relatar histórias tétricas, fomentadoras de violência. Costuma-se dizer que "violência gera violência".
Não sou psicólogo, no entanto considero que uma criança, um jovem, mesmo um adulto, que todos os dias houve e vê cenas de violência, terá naturalmente propensão a ser violento.
Qual a forma de evitar este fenómeno?
Respeitando o direito à informação que os canais televisivos tem, especialmente em ser verdadeiros e objectivos, há formas de evitar ser dramático e horrendo. Basta que se abdique do impacto que uma notícia tem junto do público e que capta audiências, para atenuar o choque emocional que ela contém.
O que se verifica infelizmente é que os média, por vontade própria ou não, procuram muitas vezes enfatizar ainda mais a notícia com o intuito de chamar a si mais audiências(canais de televisão) ou vendas (jornais) através de manchetes apelativas.
Em sua defesa os média argumentam que só vê quem quer. É um facto, mas é difícil, senão impossível evitar de ver. É um marketing semelhante ao utilizado nas grandes superfícies comerciais em que o produto é colocado no nosso caminho, mesmo em frente aos nossos olhos, apelativo.
Se pensarmos no impacto  que pode causar em grupos de risco como são as crianças e os jovens e extrapolarmos para a vida real, escolas e outros locais propícios a aglomerações, não ficamos surpreendidos com a violência que ocorre.
Ultimamente tem  crescido entre os jovens a aquisição de filmes, jogos e vídeos violentos. Isto leva-nos a pensar acerca do tipo de sociedade que estamos a criar e qual será o futuro da humanidade.
Foi preciso um alerta sobre o problema ambiental para os governantes e organizações de defesa do ambiente começarem a tomar medidas concretas em sua defesa. Será que é necessário acontecer algo medonho para nos alertar para os problemas da violência?

domingo, 5 de julho de 2009

ESTADO DA NAÇÃO

Ainda no rescaldo dos acontecimentos recentes no Parlamento aquando da discussão do Estado da Nação e, deixando de lado a cena rocambolesca do ex-ministro da Economia, podemos afirmar que não foi positiva a actuação do Governo e especialmente do sr. primeiro-ministro.
O sr. primeiro-ministro habituou-nos a um discurso fluente e convincente, consciente de que a sua forma de governar o país  é a correcta e que tudo corre bem.
Neste final de legislatura atrapalhou-se e não conseguiu passar a mensagem, invocando justificações deploráveis, reportando para o anterior governo a razão dos insucessos.
A maioria que votou nele, na qual me incluo, esperava mais, por isso o elegeu.
Foi com base nas trapalhadas do anterior governo que o sr. José Sócrates conseguiu, através de um discurso empolgante e promissor,  angariar os votos daqueles que  viam nele uma réstia de esperança para salvar Portugal.
Tal não aconteceu e de nada vale agora justificar o fracasso da política que implementou com o passado e o erro dos outros.
A atitude maioritária e autoritária que pautou a condução do programa que delineou e colocou a sufrágio, mas que em muitos casos não cumpriu, por falta de diálogo e humildade, não criando consensos, mas antes confrontações (veja-se o caso dos professores) são o resultado a que a Nação chegou.
Logo de início perdeu a credibilidade ao desviar-se do programa eleitoral que prometeu aos portugueses cumprir, depois não cedeu a coligações ou pactos de regime em domínios importantes como a justiça, a educação, a saúde, bases do sistema democrático, sem respeito pelas bases que o elegeram e que estão disseminadas por todos os sectores sociais.
Governou numa atitude de crispação e populismo, procurando dar uma imagem distorcida do que na realidade se passava.
Ao apresentar agora algumas medidas mais populares na esperança de restaurar a credibilidade perdida, não vai conseguir convencer os portugueses que há quatro anos acreditaram nele. Lá diz o povo e com razão "gato escaldado..."

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O GESTO É TUDO !...

Desde a formação deste governo que a maioria dos portugueses já tinha percebido que o ministro da Economia, não era a pessoa certa para desempenhar aquele lugar.
Foram várias as "gafes" cometidas pelo sr Manuel Pinho ao longo do mandato e, só por mera teimosia, o sr. primeiro ministro o manteve em funções.
A oposição por diversas vezes reclamou a "cabeça" do ministro Manuel Pinho, mas José Sócrates não cedeu. "Branqueou" sempre as escorregadelas flagrantes do infeliz ministro que, independentemente da sua qualificação técnica, não tinha jeito nem perfil para o cargo.
Acontece agora que numa atitude inqualificável do sr. Manuel Pinho na Assembleia da República, deita tudo a perder, para o governo e para o Partido Socialista liderado pelo sr. José Sócrates.
Dir-se-á que é a paga por tanta arrogância e obstinação e, numa fase em que o governo e o partido estavam a tentar levantar-se do abanão das Europeias, embora dubiamente, este acontecimento deita por terra qualquer tentativa de melhorar a imagem.
Costuma-se dizer que "é melhor cortar o mal pela raiz"; o sr. primeiro ministro com a sua obstinação, arrogância e teimosia não o quis fazer quando devia e teve de o fazer quando não queria.
No seio do governo e principalmente no Partido Socialista, quantos a esta hora não estarão a odiar o pobre e desajeitado Manuel Pinho, que não tinha vocação nenhuma para a política, pelo acto tresloucado e irreflectido, que lhe tramou a vida e a de muitos outros correlegionários, incluindo naturalmente o amigo Pinto de Sousa que um dia se lembrou de o convidar para o cargo.
O gesto em si revela pouca educação, fraco sentido de Estado e falta de respeito por um órgão de soberania como a Assembleia da República e os deputados eleitos pelo povo.
Perante este exemplo pouco dignificante, que legitimidade tem os políticos para pedir aos portugueses para irem votar?

terça-feira, 16 de junho de 2009

INGENUIDADE

O sr. Governador do Banco de Portugal foi ontem ouvido, mais uma vez, pela Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso BPN.
Defendeu-se como pôde e soube, mas teve a "ingenuidade" de afirmar que os inspectores do Banco de Portugal encarregues de fiscalizar o BPN não cometeram qualquer negligência, mas poderão ter sido ingénuos ao ponto de se deixarem iludir pelo Presidente do BPN da altura, o sr. dr. Oliveira e Costa, que em tempos já trabalhou no Banco de Portugal, portanto uma pessoa que merecia toda a credibilidade aos auditores do Banco de Portugal.
Santa ingenuidade sr. Governador! Como podemos nós meros contribuintes acreditar nos ingénuos auditores do Banco de Portugal? Só por simples ingenuidade!
Não queira fazer-nos passar por ingénuos sr. Governador. Se os ditos auditores por "ingenuidade" deixaram de actuar em conformidade, impedindo que o BPN chegasse ao ponto de ruptura a que chegou, não merecem estar nos lugares que ocupam, por esse motivo devem ser demitidos e substituídos por outros menos ingénuos e mais zeladores do interesse público.
Se, como o sr. Governador diz que assume toda a responsabilidade mas que não se demite, só lhe resta demitir quem não actuou com a devida isenção e rigor, fazendo cumprir a lei mesmo que pela frente se lhe deparasse o mais exemplar ex-funcionário do Banco de Portugal. Se o não fizer sr. Governador, está a pactuar com a acção ingénua (para não dizer negligente) dos funcionários em causa, portanto cúmplice dessa acção e como tal responsável.
Não acredito que o faça. Quem, afirmando-se responsável, não tem a coragem de se demitir no interesse geral do país, também não tem a coragem de demitir aqueles que aponta como tendo sido ingénuos, a menos que haja alguém que o faça por si e, para isso, terá de o demitir primeiro.
Já hoje ouvi dizer a comentadores credíveis e com os quais concordo que o sr. Governador é um economista brilhante e um técnico muito competente. Não é isso que está em causa sr. Governador, nem o seu brilhantismo nem a sua competência, mas sim a sua credibilidade. Depois do que o sr. disse na A.R. tentando branquear a actuação do Banco de Portugal neste caso, insinuando que a acção dos auditores terá sido ingénua, não abona nada em seu favor e do Banco de Portugal, onde existem pessoas que se deixam levar ingénuamente em assuntos muito sérios.
A credibilidade do Banco de Portugal ficou afectada, é uma Instituição que tem de ser credível, é um regulador de todo o aparelho monetário. Se o organismo regulador não oferece confiança, é grave para todo o sistema financeiro que, queiramos ou não, se vai repercutir na economia, no emprego e em tudo o mais correlacionado.
Estamos fundeados num ambiente de crise. Só poderemos levantar âncora e navegar em direcção a porto seguro se o comandante do navio, isto é, aqueles que nos governam e dirigem os destinos da Nação, forem de confiança e, confiantes, levem o navio a bom porto.
Esperamos que o bom senso impere e os visados coloquem o interesse público acima do interesse particular e, em nome de Portugal, reflictam, ponderem e tomem as decisões certas para desencalhar este navio e pô-lo de novo a flutuar, tapando os rombos que alguns incautos e ingénuos fizeram, sob pena de, se assim não actuarem, afundarem definitivamente este país.
Aguardamos por ordens prontas e precisas, o tempo urge.



domingo, 14 de junho de 2009

AS ELEIÇÕES EUROPEIAS

Mais uma vez se comprovou o alheamento dos votantes no que diz respeito à politica Europeia.
Ganhou a abstenção como era de esperar, a que se juntaram cerca de 5% de votos em branco (significativo) e 2% de votos nulos, restando apenas 30% de votos validamente expressos que elegeram os 22 deputados.
Os portugueses estão cada vez mais cépticos dos políticos. A campanha para as europeias limitou-se, salvo raras excepções, a uma troca de acusações mútua que em nada dignificaram os intervenientes e nada de novo trouxe que pudesse mobilizar os portugueses para os problemas europeus. Afinal era a EUROPA o centro do debate político e não outro qualquer tema por mais relevante que fosse.
Também votei, porque o voto é a arma que tenho para demonstrar aquilo que sinto, e aquilo que quero. O meu voto, foi um voto de protesto contra todos os políticos que se julgam donos e senhores do poder que lhe damos através do voto e depois nada fazem por o merecer. Foi por isso um voto em BRANCO porque não me revejo em nenhuma ideologia, muito menos nos políticos que se apresentaram ao eleitorado.
Estavam todos mais preocupados em defender o seu (deles) espectro político e o emprego que lhes garanta por mais quatro anos a permanência no Parlamento Europeu (alguns até se candidataram em duas frentes com medo de perder num dos lados), do que em defender o interesse colectivo.
Infelizmente este cenário tem acontecido invariavelmente ao longo dos anos, depois que os heróicos CAPITÃES DE ABRIL restituíram a liberdade ao povo. Até ao momento (e já lá vão 35 anos), não houve nenhuma força politica, nem político que utilizasse conveniente e inteligentemente o único potencial que possuímos - o ser humano, em todos os aspectos intrínsecos, dando-lhe formação e cultura, utilizando aquela máxima UM POVO INSTRUÍDO É EVOLUÍDO.
O que se fez então? Todos sabemos como foram gastos os milhões que vieram da Europa. Aqui não há força política que esteja isenta. Todos, em especial os que detiveram as rédeas do poder, foram coniventes com a forma como foram aplicados os dinheiros que a Europa nos emprestou para modernizarmos o nosso país e nos aproximarmos da média comunitária, em especial os que tinham por base o melhoramento da educação, do ensino, em suma da formação e engrandecimento cultural. Se o tivéssemos feito estaríamos agora numa posição preponderante e preparados para enfrentarmos todas as crises. Continuamos a enganarmo-nos e a tentar enganar a Europa com números de "literacia" proveniente das NOVAS OPORTUNIDADES que não são mais do que remediar o que jamais será remediado, porque já diz o povo " árvore que nasce torta nunca mais se endireita".



PUDOR E BOM SENSO

Cada vez mais o sentido da decência e do pudor estão pervertidos e arredados dos elementares princípios que devem nortear o comportamento do ser humano, enquanto parte de uma comunidade.

Em nome da liberdade cometem-se os mais ignóbeis e inverosímeis actos de atentado ao pudor e dignidade do ser humano. Esses actos em nada dignificam quem os pratica e, ao contrário do que pensam os intervenientes, são um atentado à liberdade dos outros, porque colidem com um princípio básico que é “a minha liberdade termina quando começa a tua”.

Hoje, domingo dia 7 de Junho, dia de eleições para o Parlamento Europeu, assisti a um episódio que me indignou não só pelo acto em si, mas também porque me coartou a minha liberdade enquanto cidadão e utente do Ginásio/ SPA que habitualmente frequento.

Depois de ter feito a minha marcha na passadeira e como a piscina estivesse lotada naquele momento, fui para a piscina de lazer e jacuzzi. Para meu espanto estava um casal de jovens ( macho e fêmea, nos tempos que correm é bom que sejamos claros) no jacuzzi enleados um no outro, boca na boca e com movimentos característicos e típicos de quem está a fazer sexo. Passei, fui banhar-me nos chuveiros, voltei a passar e nem deram por mim de tal maneira estavam concentrados no acto.

Na piscina de lazer encontravam-se mais três pessoas que se deleitavam com o borbulhar dos jactos que emergiam do fundo da piscina e estavam em posições abdominais ou sentadas não tendo visibilidade para o jacuzzi. Sómente quem estivesse de pé e atento ao episódio que se estava a passar podia decifrar a cena caricata que os dois jovens, alheados de tudo e de todos, continuavam a executar com prazer.

Sem saber bem o que fazer numa situação como esta resolvi estender-me de costas sobre os jactos de borbulhas que me mantinham à superfície enquanto pensava e desviava o olhar de tão ridículo acontecimento.

Enquanto saboreava os gorgulhões de água vindos do fundo da piscina, e como era a pessoa que estava mais próximo do jacuzzi, ouço um Aaaaahhh!!! de prazer soltado pelo macho, abafado pelo borbulhar da água, imperceptível aos restantes elementos que se encontravam na piscina. De imediato levantei-me e pude ver os dois, um para cada lado do jacuzzi, com as cabeças apoiadas na beira voltados para cima, numa atitude de quem estava exausto mas satisfeito.

Ninguém mais se apercebeu do sucedido (penso eu) e resolvi sair da piscina e nem sequer pensei esperar que o jacuzzi ficasse livre daqueles intervenientes. Fiquei enojado só de pensar que talvez já me tenha banhado em águas tão imundas como estas depois destes dois seres as terem conspurcado com os odores e dejectos de sémen e de outras mucosidades próprias do acto de cio que acabavam de praticar.

Isto fere os mais elementares direitos do cidadão e vai de encontro aos princípios de liberdade que todos devemos preservar e cultivar. Não estou contra o acto em si, é salutar e próprio de dois seres jovens de sexos diferentes, mas estou contra a forma e o local em que o praticaram, indo de encontro aos mais elementares princípios de pudor e salubridade públicas.

Não sei se a câmara apontada para o jacuzzi, aí colocada para visualizar possíveis acidentes que possam ocorrer (e não só, como podemos constatar) estava ligada. Vou indagar nos próximos dias para meu bem e de todos quantos utilizam este espaço de lazer, procurando desta forma salvaguardar acontecimentos futuros desta natureza ou semelhantes que violem os direitos dos outros.