segunda-feira, 13 de julho de 2009

PROMESSAS POLÍTICAS

Ainda não começou a campanha eleitoral já os políticos se apressam a fazer promessas - se eu for eleito..., se eu..., um sem número de se's indefinidos e inconsistentes, pois não passam de meras hipóteses.
Em trinta e cinco anos que levamos de democracia continuamos a ouvir os políticos prometer o que geralmente não cumprem. Como é que podemos acreditar neles?
Da esquerda à direita todos prometem coisas que sabem à partida que não podem cumprir. Fazem-no antes que outros se antecipem, com o intuito de ganhar votos, autênticos vendedores de "banha de cobra".
Nos meus tempos de garoto havia uma feira (ainda há) na minha terra, onde costumavam ir os charlatães vender produtos mais ou menos ilusórios tentando enganar o "Zé povinho". Entre eles ia um que pelas suas qualidades e dotes oratórios cativava os mais crentes. Era o vendedor de"banha de cobra" que reunia à volta dele grande número de pessoas fascinadas pela improvisação célere.
Os políticos de agora, indistintamente, fazem-me lembrar o vendedor de "banha de cobra" dos meus tempos de criança, com a vantagem que os charlatães ainda davam alguma coisa em troca dos escudos com que pagávamos o milagroso produto, enquanto que actualmente os políticos que nos conseguem convencer com promessas ilusórias, nada nos dão em troca dos impostos com que nos sobrecarregam quando atingem o poder.
Quanto dinheiro se gasta em campanhas eleitorais, pagas com o nosso dinheiro, para nos venderem ilusões?
Em nome da liberdade cometem-se tantos atentados à liberdade dos outros que se começa a por em causa essa mesma liberdade.
O 25 de Abril restituí-nos a liberdade de nos podermos expressar livremente, mas, quando em nome da liberdade se ousa afirmar coisas que não se pode cumprir, não se está a dignificar esse princípio supremo da humanidade que é a liberdade individual de todo o ser humano. É uma afronta e uma violação aos mais nobres princípios da democracia, falar em nome dela, mas subvertendo-a, desvirtuando as regras basilares em que ela assenta.
As campanhas eleitorais em vez de contribuírem para o engrandecimento e valorização da democracia, estão gradualmente a arruinar os valores que ela encerra. Em vez de serem um veículo de esclarecimento sobre questões importantes para a comunidade, são normalmente aproveitados para esgrimir na praça pública, combates sórdidos desprovidos de ideias e conteúdos, transformando-se quantas vezes em ataques pessoais que em nada dignificam os contendores e muito menos a democracia.
Atacam-se uns e outros pelo que fizeram e pelo que deixaram de fazer e não se procura como fazer, para melhorar o estado das coisas.
Será que os políticos quando falam estão convencidos que alguém de boa fé e minimamente esclarecido ainda acredita neles ao fim de 35 anos nos andarem a ludibriar, cada um à sua maneira, com promessas que não cumprem quando alcançam o poder?
Verifica-se estatisticamente que ao longo de 35 anos de democracia, a participação em actos eleitorais, percentualmente tem vindo a diminuir.
Para mal da democracia esses valores tenderão a acentuar-se negativamente. Os jovens não estão motivados, estão desiludidos, descrentes, por isso não votam. A população está envelhecida, tendo como consequência natural a diminuição do número de votantes.
O que será da nossa jovem democracia a curto prazo?

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