Na noite das eleições os políticos e comentadores afectos às facções políticas envolvidas, habituaram-nos a um jogo de perde e ganha em que invariavelmente ninguém perde, todos ganham.
Nestas eleições o panorama foi semelhante a outros actos eleitorais anteriores.
Começando pelo Partido Socialista (PS) é óbvio que foi o vencedor com 36,5% dos eleitores a preferirem-no, mas, por outro lado, perdeu a maioria absoluta. Dos 2.573.869 eleitores que lhe permitiram eleger 121 deputados em 2005, passou a 2.068.665 eleitores, ou seja 96 deputados. Houve um decréscimo de 505.204 eleitores equivalente a menos 25 deputados. É certamente uma grande derrota, se considerarmos que governou em maioria, com todas as condições para fazer um bom trabalho, antes da crise surgir, o que não aconteceu.
O Partido Social Democrata (PSD) também ganhou relativamente a 2005 porque registou uma subida de 72 para 78 deputados, contudo, consideram os analistas que foi o grande derrotado porque se esperava mais do maior partido da oposição. Perdeu a oportunidade de ser governo.
O Centro Democrata Social-Partido Popular (CDS-PP) foi sem dúvida o grande vencedor porque ganhou em todos os aspectos. Passou de quarta para terceira força política, defraudando as expectativas do Bloco de Esquerda que ambicionava esse lugar e lutou por ele.Obteve 592.064 eleitores, mais 177.021 que em 2005 elegendo 21 deputados, mais nove que na última legislatura.
O Bloco de Esquerda(BE) continua a subir conseguindo nesta eleição dobrar o número de deputados através dum surpreendente score eleitoral de mais 192.679 eleitores relativamente às últimas eleições legislativas em que se demarcou positiva e definitivamente como força política em ascensão.Contudo, perdeu a possibilidade ambicionada de conseguir ser a terceira força política e assim determinar o sentido da governação de esquerda, como era seu intuito.
Por último o Partido Comunista Português-Partido Ecologista "Os Verdes"(CDU), foi uma força vencedora e perdedora, consoante a perspectiva da análise. Ganhou mais 14.165 eleitores o que lhe possibilitou eleger mais um deputado, porém, perdeu o lugar de terceira força política passando para a quinta posição, abaixo do Bloco de Esquerda.
A força política mais votada foi sem dúvida A ABSTENÇÃO; 3.678.536 eleitores equivalente a 39,4% dos portugueses, não quiseram pronunciar-se, não votando.
Não se pode dizer que é uma força vencedora, por que quem não vota, não decide, perde a possibilidade de se exprimir e assim contribuir para reforçar a democracia. Mas quem mais perdeu foi o País, que o mesmo é dizer o povo português.
Cada vez mais há entre os portugueses um desânimo e desencanto relativamente aos políticos e ao sistema, que se traduz na abstenção, pondo em causa o regime democrático.
Verificou-se nestas eleições uma fuga para as alas, um êxodo do eleitorado para os extremos, esvaziando o centro, penalizando-o pelas sucessivas governações sem êxito ao longo dos anos que levamos de democracia.
Com este pulverizado resultado eleitoral, no meio da crise em que o País se encontra, com o deficite que tem, nada pior podia acontecer a Portugal que uma indefinição política desta natureza.
O País precisa de estabilidade para resolver a crise. Ou os partidos se entendem para encontrarem uma solução de estabilidade governativa ou então o caminho para o afundamento será rápido e sem possibilidade de emergir da crise nos próximos anos.
Oxalá os responsáveis políticos, duma vez por todas abandonem os seus pruridos e deixem cair os galões em nome de Portugal e tenham a humildade de admitir que erraram uns, e, outros reconheçam que o facto de terem ganho não lhes dá o direito de fazer exigências, mas sim encontrar uma forma de entendimento para derrotar o desânimo e o desencanto que grassa na maioria dos portugueses, A ABSTENÇÃO, chamando-os a colaborarem na construção dum País moderno, solidário, humanista, inovador, onde apeteça viver e ser feliz.
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