domingo, 21 de novembro de 2010

É TEMPO DE CRESCER

A crise económica e financeira a que o nosso país chegou, há muito que era esperada. Só um cego não via a inevitabilidade de mais dia menos dia acordarmos com a notícia dessa fatalidade. Não é preciso ser economista ou estratega político para antever com alguma certeza o que estamos a passar.
Os políticos tentaram esconder dos portugueses a verdadeira dimensão da crise e, mesmo agora, que admitiram que é necessário tomar medidas drásticas para tentar conter a dívida, ainda não conseguem dizer-nos a verdade, escondendo dos portugueses essa realidade, protelando sine die aquilo que a maioria há muito já descobriu, porque está sentindo na pele os efeitos dela, coisa que eles não sentem porque se distanciaram do povo que os elegeu e que esperava mais seriedade e responsabilidade no voto de confiança que lhes concedeu.
A crise não é só portuguesa, é geral. Países como os Estados Unidos estão a passar por privações semelhantes mas enfrentam-nas com frontalidade, sem ambiguidade nem mistificação, dizendo a verdade e apontando soluções e caminhos de orientação.
Portugal, país pequeno em tamanho e riqueza, tem um potencial latente que não está a ser posto em prática, porque adormeceu à sombra do proteccionismo Europeu, que uns quantos governantes, para se manterem no poder, lhes foram impingindo sem escrúpulos nem verdade, ludibriando-os com promessas mais ou menos ocas,  quais poções mágicas.
Os portugueses não se podem deixar mais embalar por essas patranhas. Temos que cair no real e cada um de nós tem de trabalhar por si e para si, não descurando o aspecto solidário que é devido aos que mais precisam e não podem, ignorando os que podem mas não querem.
Há muita coisa a fazer no nosso país se quisermos. Não precisamos ir trabalhar para os outros, como a nossa diáspora confirma, deixando lá a "mais valia" do nosso trabalho. É preciso que acordemos deste pesadelo, ponhamos mãos à obra e com o que temos construamos um país independente o mais possível, evitando dependermos em tudo dos outros, porque temos de lhes pagar aquilo que eles nos emprestam. Lembrem-se do ditado "ninguém dá nada a ninguém", temos de lutar por aquilo que ambicionamos, quanto menos pedirmos menos devemos e menos nos endividamos, menos dependemos dos outros, conquistando desta forma a nossa independência económica, logo, política.
O Padre António Vieira dizia: "somos aquilo que fazemos, se não fazemos não somos". Concentremo-nos neste pensamento e façamos dele um lema da nossa vida. Só assim haverá progresso nas nossas vidas e,    movidos por essa força espiritual, construamos o sucesso material que conduzirá à criação de riqueza e bem estar para todos.
Não podemos pensar que os governos têm a obrigação de fazer o nosso trabalho, de nos sustentar; cada um tem de trabalhar por si e para si, sem a ajuda de ninguém. Se cada um fizer aquilo que lhe compete, não é preciso que os outros façam por eles. Imaginemos a construção de uma casa; se o pedreiro, o carpinteiro, o trolha, o vidraceiro, o electricista, etc., cada um fizer o seu trabalho, a obra fica completa. Mas se um ou mais deles entender que não deve fazer: - "que façam os outros" - a obra não se concretiza e a casa não pode ser habitada.
O actor americano Denzel Washington, dizia, numa entrevista para a revista "Única" de hoje, domingo, instado a propósito da reeleição de Barack Obama: - "Não podemos estar à espera que um indivíduo, mesmo que seja presidente, resolva tudo sozinho". Por melhor que sejam as intenções de Obama (e estou convicto que o são) ou de outro político que venha a governar o nosso país, se cada um de nós não fizer o melhor que puder e souber em nosso proveito próprio, não podemos esperar que venham em nosso auxílio indefinida e obrigatoriamente.
O que tem sucedido ao nosso país, e estou certo que todos temos a noção disso, é que estamos à espera que alguém faça algo por nós, nos dê um subsídio, invocando este ou aquele motivo, com argumentos falsos ou não; a própria lei por vezes até facilita, enquanto noutros casos em que era necessário ajudar, complica, acabando os proponentes por desistir dos projectos.
O Estado, que somos todos nós, não possui um saco sem fundo, donde é possível tirar sempre. Precisamos de lá por alguma coisa para um dia, quando precisarmos, então sim, podermos ser ajudados com parcimónia e justiça.
Em 10 anos a Finlândia passou de país pobre a país rico, fruto de uma mudança radical na sua maneira de viver. Copiemos o exemplo.
Ainda estamos a tempo de inverter a ampulheta e crescermos como pessoas que o mesmo é dizer como país.

Oliveira Martins

terça-feira, 9 de novembro de 2010

QUEM TEM MEDO DO FMI ?

O Fundo Monetário Internacional, foi criado em 1945, com o intuito de zelar pela estabilidade do sistema monetário internacional e visa promover a cooperação e consulta em assuntos monetários entre os 184 países membros.
Há 27 anos, corria o ano de 1983, quando o governo de coligação do chamado Bloco Central, liderado por Mário Soares e Mota Pinto, com Ernâni Lopes como Ministro das Finanças viu-se na necessidade de recorrer a este fundo para evitar que o país caísse na bancarrota.
O FMI não é nenhum papão que nos venha sugar o sangue e comer a carne e os ossos, como ficou demonstrado nessa intervenção, que foi benéfica para Portugal, apesar da austeridade imposta para cumprir os acordos. Antes pelo contrário, é um remédio para curar os males daqueles que estão com a saúde económico-financeira abalada por desregramentos provocados por excessos cometidos.
Porquê e como chegamos a este estado? - todos sabemos, só que fazemos de conta  que não é connosco. Todos procuramos comer do bolo, mesmo que amanhã não haja nada para comer.
Neste contexto, mais uma vez imperou a lei do mais forte, do mais poderoso e influente que conseguiu obter uma fatia maior, enquanto que ao pobre, sem poder nem influência, apenas couberam algumas migalhas.
Este facto reporta-me para países do terceiro mundo onde grassa a fome, enquanto que noutros países abundam os géneros de toda a ordem e se queimam ou destroem milhões de toneladas de bens essenciais, a bem da economia, dizem eles.
Por vezes, e para o mundo ver que são generosos, resolvem enviar um navio com uns milhares de toneladas de cereal ou outro género, sempre com a cobertura da Comunicação Social, que não chega para satisfazer as necessidades imediatas dos mais expeditos e afoutos que, na expectativa criada de alimento, afluem aos locais de distribuição. É uma corrida desenfreada, é um salve-se quem puder, a ver quem consegue obter melhor proveito. Aqui impera sem sombra de dúvida a lei do mais forte, enquanto que o mais fraco,, desprotegido, inválido, os mais carenciados, são os que menos ou nada conseguem.
Costuma-se dizer que ninguém dá nada a ninguém e também, ninguém empresta algo sem contrapartida. Os bancos emprestam dinheiro com a contrapartida dos juros. Portugal tem-se socorrido de empréstimos estrangeiros, recorrendo a remédios que só têm contribuído para agravar a saúde económica e financeira cada vez mais, estando, para além disso, sujeito à especulação dos juros (hoje ultrapassou os 7%), adquirindo dinheiro cada vez que precisa, em piores condições de pagamento, sem com essa injecção de dinheiro atenuar a doença que nos rói e que é estrutural e não conjuntural como se pretende fazer crer.
Quando o mal não se corta pela raiz a planta mais tarde ou mais cedo estiola e morre. A economia do país está moribunda, é preciso duma vez por todas, sem medo, cortar o mal pela raiz, mesmo que para isso tenhamos de passar um mau bocado para sobrevivermos, mas é melhor do que morrermos.
Não é difícil fazer o diagnóstico económico-social do nosso país. Somos um país de poucos recursos económicos, altamente dependente do estrangeiro, mas temos um potencial humano e de trabalho invejável, que é pretendido e apreciado pelo estrangeiro. Não temos sabido aproveitar esse potencial que cada vez mais vai fugindo para o estrangeiro. Tornamo-nos preguiçosos, dependentes do dinheiro que a Comunidade Europeia nos foi emprestando durante estes 25 anos  para nos prepararmos para atingir o nivel deles. Não soubemos gerir bem esse dinheiro que nos foi emprestado sem juros, pensávamos que era uma benesse dos países mais ricos para com os mais pobres. Não entendemos que era uma ajuda que nos estavam a dar para crescermos, mas que se não a aproveitássemos teríamos de a pagar.
De quem é a culpa? - a culpa é de todos nós, mas em especial daqueles que elegemos para nos representar, convictos que eram os melhores e que eram credores da confiança que neles depositamos. Tal não se verificou e agora temos de pagar as favas por que esses senhores não souberam ou não quiseram honrar Portugal, em nome de quem exerceram os cargos que o povo lhes confiou.
Depois deste sucinto diagnóstico, só nos resta uma solução, que há muito já devia ter sido tomada - o FMI.
Não tenhamos medo do FMI, porque vai ser ele o antibiótico para os nossos males, mais eficaz que os placebos que temos andado a tomar e que só contribuíram para o afundamento a que chegamos.
Somos um povo de brandos costumes que precisamos de medidas fortes e radicais para espevitarmos. Foi assim ao longo da nossa história gloriosa. Saibamos emergir do lodo em que nos deixaram atolar com promessas vãs, com patranhas ignominiosas.
Precisamos de alguém, português ou estrangeiro - se for português melhor - que discipline as nossas finanças e ponha a economia a funcionar  e o país a confiar e a produzir. Falta-nos rigor na nossa vida. Habituamo-nos a desculpar tudo e todos em nome da liberdade. Esse não é o meu conceito de liberdade, o meu exige responsabilidade e educação para a cidadânia que é o que falta à maioria.



quinta-feira, 14 de outubro de 2010

OUVIR, DISCUTIR, AGIR

Todos  nós sabemos que temos dois ouvidos para ouvir e uma boca para falar, o que é comummente interpretado, que devemos ouvir duas vezes e falar só uma,ou seja, que devemos ter mais atenção em ouvir e ser mais comedidos no falar.
Os portugueses são um povo que geneticamente fala muito, ouve pouco e age ainda menos, ao contrário de outros povos, que ouvem, não discutem e poem acção nas causas. Enquanto os portugueses discutem, os outros agem, por isso levam vantagem.
Há quem afirme que as questões têm de ser bem discutidas e planeadas para não caírem em fracasso. Concordo em parte, quando se trata de questões relacionadas directamente com a saúde, educação e justiça; já não concordo tanto com outras questões genéricas que não interferem directamente com o ser humano, economia, política e outras que, embora interferindo na vida da humanidade, actuam indirectamente.
No meu entender falta-nos acção no que sobra em discussão. Somos demasiado passivos e reaccionários. Isto é, reagimos em vez de agirmos. Perdemos tempo com questões fúteis e inúteis, enquanto outros desprezam essas miudezas e preocupam-se com o essencial. Somos desconfiados e pouco crentes em nós próprios e menos ainda nos outros, o que nos torna pouco construtivos. Falta-nos amor próprio, temos o ego muito em baixo, por isso não agimos, desconfiados com as consequências. Somos medrosos, falta-nos o espírito aventureiro e empreendedor de outros tempos, que perdemos embalados pela abastança que tivemos.
Às vezes penso que faz falta um "abanão", como tiveram os nossos antepassados heróicos, para acordarmos da letargia de cinco séculos em que nos deixamos cair e em que nos mantemos embalados à espera que alguém nos venha trazer o "biberão" para mamarmos.
O "biberão" da Europa está a terminar, já o estamos a sentir a ecoar no vazio da nossa passividade mórbida, que nos transporta para o abismo. É tempo de acordar dessa letargia e agir para sobrevivermos. Levantemo-nos antes do abismo. É a única forma de nos mantermos vivos.
Se amamos o nosso país, vamos fazer algo por nós e por ele, vamos agir, mostrar que estamos vivos.
Às vezes ouço que é preciso vir uma guerra para acordar a humanidade; matar metade para a outra metade sobreviver. Não concordo com esta visão. Se cada um de nós exercer o múnus para que foi criado, trabalhar para o bem estar pessoal e da humanidade, o mundo será melhor e todos viveremos felizes.
É utópico esperar que outros façam por nós aquilo que a cada um compete fazer por si. É preciso que cada um faça os seus deveres e exija os seus direitos para que o mundo se transforme num Éden. 

sábado, 9 de outubro de 2010

AINDA SOBRE DIREITOS E DEVERES

O estado a que a Nação chegou era previsível há muito tempo. Direi mesmo que o estado crítico das contas públicas já há muito bateu no fundo. Os governantes tentaram camuflar o déficite, mantendo a cabeça na areia como a avestruz, contudo, a forma como a economia reagiu e as dificuldades a nível internacional forçaram o governo a mostrar parte da face da crise (não convém mostrar  toda).
As medidas agora impostas aos portugueses - principalmente aqueles que trabalham - podiam ter sido evitadas, se, atempadamente, tivessem sido tomadas as devidas precauções para não chegarem a este patamar, donde dificilmente sairemos, se outra política e outros governantes não se atreverem a mudar o sistema.
Desde a formação da Nação que sabemos que somos um país onde não abundam riquezas materiais que nos permitam fazer uma vida de ricos  e repartir a riqueza equitativamente.
Ao longo dos séculos demonstramos que só utilizando o nosso potencial humano, que é de facto a nossa riqueza natural, fomos vencendo os obstáculos que encontramos nessa caminhada de oito séculos.
A política que ultimamente tem vindo a ser seguida, fomenta uma atitude de passividade e de subsídio dependência em todos os níveis da sociedade. Não existe um incentivo ao trabalho, à criação de riqueza, pelo contrário, apoia-se a inoperância e "habilidade" de alguns, peritos em encontrar estratagemas para sacar do erário público (de todos os que trabalham e pagam os impostos em dia) a sua sobrevivência, contribuindo para o endividamento do país.
O velho ditado - há meio mundo a "lixar" outro meio - aplica-se ao nosso estado actual; é mesmo possível que existam mais dependentes do Estado do que contribuintes; estes são sempre os mesmos, por isso o Estado lhes vai sacando através de impostos directos ou indirectos uma grande fatia do trabalho, única fonte onde pode ir buscar receita, para fazer face às despesas que não consegue controlar.
As medidas que agora foram tomadas são de uma injustiça atroz para aqueles que sempre produziram e contribuíram para o Estado. Para uns, os que nada fazem, todos os direitos; para os outros, os que trabalham, que produzem, todos os deveres. Será isto um Estado de direito?
Esta é a filosofia do "Estado Social" que deixou cair este pobre país no fundo do poço e que não encontra solução para nos tirar de lá, culpando tudo e todos, não querendo admitir os erros que tem cometido ao longo dos mandatos com promessas eleitoralistas que sabe que não pode cumprir.
Sou solidário com quem mais precisa, com quem ficou sem emprego, com quem tem encargos a cumprir e que de um momento para o outro a vida lhe pregou uma partida ( falo por experiência própria), mas que quer  e tem vontade de trabalhar; mas já não posso aceitar que pessoas válidas que podem e devem dar o seu contributo à sociedade o não façam porque é mais cómodo viver do subsídio que o Estado dá para aqueles que de facto estão impossibilitados fisicamente para o fazer.
A medidas de apoio à pobreza que foram implementadas permitiram o acesso desregrado e oportunista de uma camada da população absentista e marginal. Só agora, depois da reincidência e teimosia em apostar nessas medidas, confrontado com o crescente buraco do saco sem fundo, o Governo resolveu tentar pôr cobro aos desmandos de gestão dessas medidas.
O país necessita de maior controle por parte dos governantes, aos "habilidosos preguiçosos" e aos "capitalistas ardilosos", para não cairmos na situação "terceiro mundista" do muito pobre e do muito rico, descapitalizando a classe média, a que trabalha e produz riqueza, e que mantém os países em funcionamento, com economias equilibradas, sem injustiças sociais gritantes, onde existe respeito, e onde a dignidade da pessoa humana é posta em primeiro lugar.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

BANCA ROTA . . .

Está provado ao longo da história da humanidade que quem paga as "crises" são sempre os que menos podem e que as crises são regra geral ditadas pelos poderosos.
Mais uma vez quem está a pagar a primeira crise do Século XXI, provocada pelos especuladores e outros que detêm o poder político, económico e monetário, são os trabalhadores, os pobres, os pequenos e médios empresários que vivem do seu trabalho e que precisam do poder  e do capital para trabalharem  e se sustentarem. 
O capital, consciente do seu poder, não empresta de mão beijada, ou melhor, de uma forma justa, o capital necessário para qualquer um que recorra ao crédito, poder trabalhar e comer; especula e exige do poder político a satisfação das suas ambições desmedidas.
São exemplo disso as recentes medidas de funcionamento do sector bancário.
Mais uma vez o poder político cedeu em toda a linha ao sector financeiro e monetário, "disciplinando" o mercado, dizem eles, "impondo" tectos aos bancos para se auto-financiarem e criarem garantias, para não caírem na banca rota.
Em consequência disto os bancos, que já esperavam estas medidas, vão-se financiar mais uma vez à custa dos que mais precisam, aumentando os spread's, restringindo o crédito às pessoas e empresas e aumentando os juros naturalmente.
Os grandes accionistas são intocáveis, não se pode mexer no grande capital, (é deles que depende a sobrevivência da humanidade ???) pensam alguns políticos, com medo que as suas regalias e honrarias venham a ser afectadas.
Sempre o medo a imperar nas decisões dos políticos. . . até quando?

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ASSIM VAI O NOSSO PAÍS. . .

Quando era criança e ainda não havia televisão, existiam os folhetins radiofónicos.Lembro-me da minha avó estar atenta ao relógio para ouvir os folhetins que diariamente eram transmitidos pela Emissora Nacional e Rádio Clube Português.
Era algo que prendia a atenção dos portugueses e os distraía de outros problemas graves que o país enfrentava.
Actualmente, quem mantém o país expectante e distraído dos problemas graves por que passamos, são os "folhetins" televisivos, que garantem trabalho, visibilidade e audiência às estações emissoras. É uma espécie de ópio para o povo.
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O "folhetim Queiroz", está para estar e durar. Começou mal e mal vai acabar.
A exorbitância do contrato foi o primeiro mal. O sr. Madaíl já se tinha esquecido do contrato "Scolari" que tanta contestação gerou na altura e foi cair no mesmo erro.
Alguns jornalistas dizem que o sr. Madaíl não toma decisões próprias e que prefere o consenso colegial, mas não é o que ele afirma, como ontem, quando disse que a decisão de contratar o prof. Carlos Queiroz fora dele, a menos que tenha duas formas de agir: Quando é para contratar é ele quem decide, quando é para despedir são os outros que decidem.
A decisão (por unânimidade) que tomou a FPF era previsível depois das declarações do sr. Secretário de Estado. Por outro lado, o seleccionador nacional não soube ter a calma e o discernimento que lhe era exigido como responsável máximo pela Selecção Nacional e entrou pela justificação na praça pública, o que não é recomendável, porque isso não jogou a seu favor na opinião pública.
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A justiça em Portugal vai de mal a pior. Até os portugueses menos atentos se apercebem disso através dos orgãos de informação, em especial da televisão.
O processo Casa Pia ou melhor o "folhetim Casa Pia" que ainda vai no primeiro capítulo, mostrou à sociedade as fraquezas  do aparelho judiciário que não corresponde às exigências da sociedade actual.
Não se pode apontar culpas só aos juízes que no meio deste turbilhão de processos que inundou os tribunais portugueses, fruto de uma proliferação de legislação nem sempre cuidada e ponderada, dando azo a interpretações diversas, sem meios ao dispor para tornar mais célere a resolução desses processos, são agora os visados e apontados como os responsáveis por tudo.
Vivemos numa democracia recente (que já tem 35 anos) onde foram e continuam a ser cometidos muitos erros, onde não se planeia nada, antes se age em função do imediato, sem metas nem objectivos.
Era inevitável que o que está a acontecer na justiça como noutros sectores da vida económica e social, viessem a suceder mais tarde ou mais cedo.
Ainda há bem pouco tempo se "coziam" os processos nos tribunais como há séculos atrás se fazia. O suporte informático não existia, os funcionários mal podiam trabalhar com processos amontoados ao seu redor, as instalações eram exíguas e obsoletas (ainda o são em alguns casos), os juízes não tinham gabinetes, não havia salas para ouvir as testemunhas com prejuízo para o segredo de justiça, etc, etc, . . . 
Por tudo isto e muito mais que ficou por enumerar, era previsível que um mega-processo como este que levou cerca de oito anos a concluir, tivesse um desfecho desta natureza.
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O desastre ocorrido em Marrocos com um autocarro em que viajavam portugueses que efectuavam um cruzeiro no paquete Funchal, deixou-nos a todos consternados, pela violência do acidente e pelo elevado número de vítimas mortais (9) e de feridos graves e ligeiros.
A assistência prestada pelas autoridades Marroquinas (segunda os media) não foi tão pronta quanto se exigia, porém, o nosso governo respondeu prontamente, enviando o sr. Secretário de Estado das Comunidades para o local, a fim de providenciar o transporte dos mortos e feridos para Portugal.
Louva-se o empenho e apoio às vítimas e familiares das pessoas falecidas, como noutros casos idênticos já foi feito.
Recorda-se aqui o caso dos militares mortos em combate ao serviço da Pátria que ficaram sepultados em campa rasa nas antigas colónias portuguesas,actuais estados lusófonos e que ainda não tiveram direito à transladação para Portugal, por quem lutaram e perderam a vida. 

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"FUTEBOLADAS"

O "folhetim Queirós" está na moda. Talvez venha a abrandar e a esmorecer com o novo tema, "o velho folhetim Casa Pia" que voltou à ribalta com a leitura da sentença e condenação de todos os arguidos.
Antes que caia no esquecimento, e agora que o processo "caseiro" terminou, com o desfecho tanto desejado pelo Senhor Secretário de Estado, do castigo do Seleccionador Nacional professor Carlos Queirós,  como deixou transparecer em conferência de imprensa, não posso deixar de referir um episódio que por certo não passou despercebido à maioria dos portugueses que habitualmente visualizam a RTP1/RTPN.
Sempre que os noticiários destes dois canais nacionais oficiais abordavam o caso rocambolesco que envolveu a Selecção Nacional, nomeadamente o treinador professor Carlos Queirós, apresentavam as mesmas imagens, mostrando a figura do seleccionador irritado com qualquer facto ocorrido certamente num jogo da selecção, tirando o casaco e arremessando-o ao chão, numa atitude de protesto.
Esta sequência de imagens (que não representa os acontecimentos) não abona nada a favor do seleccionador, convenhamos. A escolha da imagem do responsável da Selecção Nacional devia ter sido mais bem cuidada e imparcial, de forma a não dar azo a especulações ou comentários que ponham em causa a credibilidade e idoneidade do visado.
Nada tenho contra uns nem contra outros, antes me move um sentimento de louvor por quem representa o meu país quer numa quer noutra posição: ao seleccionador enquanto responsável pela Selecção de Futebol do meu país a quem desejo alcance os maiores sucessos; aos canais de televisão nacionais enquanto orgãos difusor es de notícias, desejo que exprimam a verdade dos factos de forma isenta e imparcial.
O que me surpreende neste processo, é o aproveitamento de uma situação descontextualizada - o estado irritado do seleccionador num determinado contexto - que nada tem a ver com a situação factual em análise.
Esta forma dissimulada e aparentemente inofensiva como certos orgãos de comunicação social apresentam as notícias, valendo-se da força da imagem que, como é do conhecimento de todos - uma boa imagem vale mais que muitas palavras ou depoimentos - constrange-me e faz-me descrer da veracidade noticiosa desses orgãos.
Todos sabemos que existem várias formas de dizer uma coisa, mas a verdadeira é só uma. Os jornalistas com "J" são aqueles para quem só existe uma verdade e apresentam-na de forma clara e objectiva, sem subterfúgios nem truques de linguagem ou de imagem. 


quinta-feira, 24 de junho de 2010

A CRISE

A CRISE

Há muito que vivemos em crise. Ela não é de agora, tem antecedentes que se perdem na voragem do tempo.
Ao contrário do que a maioria normalmente pensa, a crise não é só económica, mas sim sociológica. Se não, vejamos. Quem são os povos que vivem em piores condições sociais? São aqueles onde ainda não chegou o conhecimento, que têm níveis de alfabetização muito baixos e consequentemente níveis de pobreza condizentes com essa condição.
A crise que estamos a viver, embora reflicta de certa forma o fenómeno da globalização, que arrastou todos os povos para a crise económica, é um reflexo do estado sociológico inerente a cada país.
Os países mais bem preparados e mais bem estruturados, com mais formação e educação, resistem melhor aos vírus externos, por que essas armas são os melhores antídotos para combater os ataques venenosos que vêm do exterior.
Podemos não ter muito dinheiro, mas se tivermos discernimento, educação, preparação intelectual e espiritual, sabemos como vencer a crise. Aqueles que não têm essas armas caem no desespero, não sabem como enfrentar as adversidades, por que não foram preparados para elas. Sempre lhes foi dado de mão beijada o pouco que têm, sem sacrifício, e mais não lhe deram e ensinaram.
Portugal não se preparou para enfrentar uma crise desta natureza, não soube aproveitar os empréstimos que os outros (C.E.E.) lhe concederam por um tempo suficientemente dilatado para atingir os níveis deles.
Como foram aplicados os milhões que nos emprestaram?
Ninguém sabe, ninguém é responsável, desculpam-se uns com os outros, contudo, continuam a pedir sacrifícios àqueles que sempre pagaram as facturas dos que esbanjaram e que ainda por cima se riem. Não há justiça social, destruíram a classe média, aquela  que aguentava este país com o pagamento dos impostos, e agora, depois de lhe ter comido a carne, ainda lhe estão a  roer os ossos, tal é o desespero em que estão mergulhados, sem saber onde ir buscar mais dinheiro para manter a crise; não é para sair dela, por que não têm soluções.
As medidas que deviam tomar, nunca tiveram a coragem de as pôr em prática, por que nunca governaram a pensar no ser humano e naquilo que ele tem de mais nobre que é a sua educação e formação, o seu carácter.
Era mais fácil governar para agradar a um sector, que levado por promessas os ia mantendo no "poleiro", mas esses "boys" também estão gastos e a pedir reforma. Alguns até já se aposentaram com reformas chorudas que envergonham os governantes dos países que foram e continuam a ser nossos credores, outros debandaram para as "privadas", onde auferem salários anuais tão elevados que o cidadão comum trabalhando uma vida inteira jamais conseguirá atingir. Uns e outros saíram a tempo, antes que o filão se esgotasse, "não fosse o diabo tecê-las ..."
Estamos a passar por uma crise de valores, é o "salve-se quem puder", não há justiça exequível, nem respeito pelo próximo. Estamos a passar por uma crise sociológica, muito pior que uma crise económica ou financeira, por que nestas sabe-se como actuar e o remédio a aplicar, naquela ainda não foi encontrado o remédio.
Se atempada e preventivamente tivesse sido ministrado o remédio que consiste numa boa educação e formação, agora, perante o vírus, saberia como reagir, estava imunizado contra as bactérias da ignorância, da luxúria, da incompetência, da corrupção e da ganância.
Perderam-se anos a fazer de conta que se fazia e ainda se continua pelo mesmo caminho. Quem não se lembra dos fundos comunitários para a formação, que foram tão mal aplicados, para não lhe chamar outro nome feio? Actualmente com as "novas oportunidades" está-se a cair no mesmo erro só para tapar os olhos da UE, com números que nada dizem por que não são reais; estas medidas só agradam  aos oportunistas, àqueles que querem ter diplomas sem se esforçarem para os obter, e para aqueles que fazem que ensinam sem nada ensinarem.
Parece que agora resolveram alargar o âmbito das "novas oportunidades" ao ensino superior (sinceramente sr. ministro, tinha-o noutra conta...)." Pior a emenda que o soneto". Só se é para obter percentagens de mestres e doutores para apresentar na União Europeia ou mais uma artimanha para iludir e para constar nas estatísticas.
E assim se vai consumindo o erário público (agora é aumentando a dívida pública) de todos nós, mas quem paga são sempre os mesmos os que cumprem, porque aos faltosos nada lhes acontece, ao fim de um tempo vêm os perdões fiscais ou prescrevem os prazos por inépcia das instituições e incongruência da lei. Para estes é bom viver num país assim, enquanto para os outros é um fardo pesado.

sábado, 8 de maio de 2010

A GANÂNCIA DO PODER



A GANÂNCIA DO PODER
Há pessoas que vivem obcecadas pelo poder toda a vida e fazem disso o seu motus vivendem. Não sabem fazer outra coisa senão endeusar a sua pessoa; gostam de se sentir protagonistas, de dar nas vistas, são incapazes de ocupar um segundo plano, não gostam de obedecer a um qualquer, não são submissos, mesmo que isso seja benéfico para o bem comum. Dizem-se democratas, mas o que conta é a sua autocracia. Uma vez detentores do poder impõem a sua vontade sem ouvir os outros, ao contrário daquilo que exigem dos outros.
A história da humanidade é fértil em exemplos desses, alguns infelizmente trágicos para a humanidade. A tirania e a sede de vingança estão muitas vezes disfarçadas por apologias enganadoras, e retóricas que enganam os menos atentos ou desprevenidos.
Hitler foi um exemplo dessa retórica social que captava multidões, enganadoramente convencidas de um estado social, que em breve se tornou num déspota e num tirano de que a humanidade foi vítima.
É difícil decifrar o que vai na mente de cada um, mas quem estiver atento e se debruçar nos pormenores daqueles que anseiam o poder, facilmente descobre os tiques que, apesar de aparentemente encobertos por uma capa ténue, deixam transparecer os contornos duma personalidade dominadora e austera.
Este tipo de “seres” existem em todos os campos, sociais, políticos, económicos, religiosos, etc. Fazem parte da sociedade em que vivemos e por isso temos de saber lidar com eles, aceitá-los, mesmo que não comunguemos dos mesmos ideais.
O ser humano é muito diferente e complexo. A aceitação do nosso “semelhante”, por isso se emprega esta palavra e não a palavra  “igual”, é um acto de inteligência e tolerância que devemos procurar seguir no nosso comportamento diário, contribuindo assim para o entendimento e apaziguamento da sociedade.
Se aceitarmos o nosso vizinho como ele é, com os seus defeitos e virtudes, estamos a contribuir para um bom relacionamento, sem entrarmos em conflitos desnecessários que em nada contribuem para a pacificar a nossa vida quotidiana.
Tive em tempos um vizinho muito diferente de mim, era um “baldas”, não respeitava as regras de convivência social usuais ao comum das pessoas, fazia furos nas paredes nas horas de descanso, colocava música até  altas horas da manhã e muitas outras coisas que eram passíveis de uma acusação à polícia. A princípio pensei fazê-lo, mas resolvi ter uma conversa séria e educada com ele. Aceitou muito bem as minhas posições e prometeu melhorar o comportamento. Não foi imediato, mas gradualmente foi entrando nas regras de salutar convivência entre vizinhos. Imperou neste processo o respeito mútuo e a aceitação teve um papel importante.
O problema da maioria dos “amantes do poder” é não saber aceitar, não saber ouvir e entender que os outros também são seres humanos com direitos e deveres, que devem ser atendidos e respeitados.
Devemos estar atentos a este tipo de pessoas que proliferam em todos os campos da sociedade e que vestem a pele de cordeiros, mas são lobos por dentro.

segunda-feira, 22 de março de 2010

LIMPAR PORTUGAL


Hoje, dia 20 de Março de 2010, teve lugar uma iniciativa de índole popular, sem conotações político partidárias, digna de louvor, que revela como o povo é solidário e amigo do ambiente.
A esta iniciativa juntaram-se pessoas de todos os extractos sociais, na qualidade de cidadãos normais, e não pelas funções ou cargos que desempenham, pretendendo mostrar que todos nós temos deveres a cumprir. É um acto de cidadânia.
É bom que todos nós tomemos consciência das realidades que nos envolvem quotidianamente e façamos algo em prol da comunidade, demonstrando assim àqueles que julgam que tudo é possível fazer sem limites, impunemente, possam despertar para a realidade.
A sociedade civil tem um papel importante a desempenhar na construção da democracia participativa. É desta forma, construindo, que conseguimos edificar um Mundo Novo, com valores altruístas e enriquecedores do ser humano.
Espero que esta acção de cidadânia seja um exemplo para outras iniciativas em prol da humanidade.
Esta “Limpeza de Portugal” de nada servirá se futuramente não forem tomadas medidas pelos governantes que visem desencorajar e impedir os prevaricadores de voltarem a recair na mesma atitude.
Existe alguma legislação, que está provado é insuficiente ou não tem a aplicação prática necessária a dissuadir os faltosos a cometerem actos que prejudicam o ambiente e a sociedade em geral.
É preciso tomar medidas adequadas que incentivem os delapidadores do bem público, que é de todos nós, a defendê-lo e a serem os guardiões dessa propriedade colectiva como é o ambiente.
Caso não sejam tomadas medidas já, arriscamo-nos a perder a consciência colectiva que ainda assiste a alguns de nós, desencorajando-os a futuramente se desinteressarem destas iniciativas, porque os delapidadores do bem público continuam a prevaricar e a rirem-se dos obreiros destas acções, dizendo:
- Limpem, Limpem ! Nós continuamos a sujar. Alguém há-de limpar!
Espero, com este escrito, contribuir para que os governantes despertem para este e outros problemas sérios que perturbam e afectam a sociedade, em vez de andarem preocupados só com o seu umbigo.
Viana do Castelo, 2010-03-20
Manuel de Oliveira Martins

segunda-feira, 8 de março de 2010

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Neste momento em que escrevo esta opinião, ainda estão a decorrer as buscas para encontrar o corpo do infeliz menino que em Mirandela se atirou ao rio, suicidando-se, ao que tudo leva a crer, por ser vitima de violência na escola, feita por colegas.
Há muito que este fenómeno vem acontecendo e sendo "camuflado", ignorado pela sociedade em geral, especialmente por quem deve estar atento a estes acontecimentos.


O Leandro de Mirandela vai ficar na história, pena que seja por este motivo, mas que ao menos sirva para chamar à  atenção dos responsáveis, a todos os níveis, a nós próprios pais e avós, para que tomemos consciência e denunciemos estas situações, sem medos de represálias, porque é um direito que nos assiste, denunciar o que está mal e enaltecer o que de bom se faz.
A população escolar é um reflexo da sociedade que temos. Antigamente dizia-se que era na tropa que se encontrava o que de bom e de mau havia na sociedade, era o espelho da sociedade masculina, pelo menos. Nos dias de hoje é nas escolas que todas as crianças se encontram e no convívio entre elas extravazam os seus sentimentos, bons ou maus, e mostram a educação que receberam em casa. É o espelho do amanhã.
Isto leva-nos a pensar sobre a forma e o sistema de educação e ensino que tivemos e temos neste momento, e se é isto que queremos deixar de herança aos nossos netos.
Todos nós somos co-responsáveis com a sociedade. Todos nós temos uma missão na sociedade em que vivemos porque pertencemos a ela. É através dos nossos actos que intervimos para a construção dessa sociedade, por isso não nos podemos desresponsabilizar e apontar culpas aos outros. 
No período negro da nossa história recente, em que não podíamos falar nem agir, lamentávamo-nos por isso, agora, que temos a liberdade de intervir e tomar posição, abstemo-nos de o fazer, tomando a atitude mais comodista, "isto não é comigo, os outros que resolvam", o pior é quando toca a nós; se assim pensarmos todos, ninguém resolve nada e o país e o mundo pára, ou torna-se incontrolável.
É preciso reformular políticas educativas para educar as novas gerações a serem cidadãos conscienciosos dos seus deveres e direitos; entretanto, é preciso começar a tomar medidas rigorosas (não opressoras, é bom não confundir o rigor com a opressão) já, que passam pela disciplina, pela observância de regras de conduta, de ética, de moral, caso contrário, estamos a preparar uma sociedade sem controle, sem princípios, que os únicos meios que conhece são a anarquia e a violência.
Da mudança de atitude em cada um de nós, depende a mudança da sociedade. Nós não podemos modificar os outros, mas podemos modificar-nos a nós próprios. Se cada um modificar, um mínimo que seja, o seu comportamento para melhor, está a melhorar o mundo. Vamos por isso melhorar o nosso comportamento social positivamente, começando por utilizar as armas que a sociedade democrática, em que ainda felizmente vivemos, nos poe ao nosso dispôr.
Não exijamos da sociedade quando nada lhe damos em troca. "É preciso darmos para recebermos", é um ditado antigo que ainda não foi posto em causa.
Que o caso fatídico do menino de Mirandela sirva a todos de lição para sermos mais participativos na construção da sociedade em que vivemos.

Viana do Castelo, 2010-03-08
Manuel de Oliveira Martins

sábado, 6 de março de 2010

FELICIDADE - SER FELIZ


A felicidade conquista-se, não nasce connosco, vai-se adquirindo consoante cada um trabalha para alcançar esse bem. Há os que trabalham para alcançar a riqueza terrena, material e efémera, que se esfuma num ápice, num lance de jogo, numa catástrofe. A felicidade é eterna, permanente, porque construída e cimentada num alicerce espiritual.

O ser feliz depende de cada um e jamais depende de outra pessoa. Este aspecto leva-nos a reflectir sobre o sobrenatural e universal conceito da imortalidade e perenidade das coisas. Leva-nos a questionar sobre a nossa existência e a forma como vivemos a nossa vida.

Para se ser feliz é necessário sentirmo-nos bem connosco próprios, sem preconceitos, ser autêntico nas palavras e nas acções. Não se pode dizer que se é infeliz porque nascemos pobres (materialmente), quando nada fizemos para melhorar a nossa conduta para atingir esse nível espiritual. A pobreza material não é sinónimo de infelicidade nem a riqueza é sinónimo de felicidade.

O prazer espiritual que se atinge em cada acto da nossa vida constitui o alimento básico da construção dessa almejada felicidade. Quando praticamos um acto de amor, de amizade, de carinho, de solidariedade, de ajuda, desinteressadamente sem esperar retorno, estamos a construir essa felicidade, porque estamos a alimentar a nossa alma de nutrientes saudáveis que nos dão prazer e nos ajudam a ser felizes.

A felicidade é a serenidade, a paz de alma que sentimos dentro de nós, como se tivéssemos comido o melhor manjar do mundo, mais ainda, porque permanece em nós, não se desvanece, nem passa como o manjar material.

Quando ao fim de um dia de trabalho, em qualquer profissão, fazemos o inventário das nossas acções e chegamos à conclusão que em nossa consciência agimos bem, isso dá-nos uma sensação de alegria, de prazer, de tranquilidade, de paz interior; isso é felicidade.

A nossa consciência é o juiz que existe dentro de cada um de nós, que absolve ou condena os nossos actos. É o somatório da formação intelectual e espiritual de cada um. É portanto relativa, não quantificável em termos absolutos, por isso muito difícil de avaliar por alguém exterior a nós. O que seria de toda a humanidade se outro ser pudesse avaliar ou julgar a consciência de cada um de nós? O poder superior que criou o mundo, fê-lo tão bem feito que é possível vivermos harmoniosamente se obedecermos aos princípios que regem o universo. Não me refiro a princípios morais ou religiosos, inerentes a cada um e a cada religião, porque esses têm na sua génese o homem enquanto ser criado por esse poder superior, que está para além de nós e nos transcende. Aqui reside a fé de cada um.

Ouço muitas vezes, muitas pessoas queixarem-se da sua infelicidade, como se alguém pudesse ajudá-las a construir essa felicidade que tanto ambicionam, mas que na maioria das vezes nada fazem para conquistá-la. Não é com ajudas materiais ou mesmo com palavras que ajudamos alguém a ser feliz, às vezes ao querermos ajudar estamos a contribuir ainda mais para a infelicidade desse ser.

Como exemplo da ajuda material cito o caso de um indivíduo metido na droga. Quanto mais dinheiro lhe dermos mais ele se afundará no abismo. O inverso também é verdadeiro em alguns casos, mas o que importa salientar é que só depende dele construir a sua felicidade; é intrínseco a cada um encontrar o seu caminho para ser feliz.

A ajuda espiritual pode ter uma acção mais positiva, se escutada e entendida com atenção e vontade de melhorar e sair do abismo, mas mais difícil de conseguir, porque é menos tangível, menos palpável para a maioria dos seres, por isso menos conseguida.

Todo este arrazoado leva-nos a concluir que só depende de nós sermos felizes se nos empenharmos na construção dessa felicidade, não adianta culpar o próximo, os governantes, o mundo, pela nossa infelicidade.

Viana do Castelo, 2010-03-06


Manuel de Oliveira Martins

sábado, 27 de fevereiro de 2010

ATITUDE

Foi há uma semana que ocorreu na Madeira a catástrofe que os orgãos de informação noticiaram detalhadamente.
Todos nos apercebemos da gravidade da situação, embora não pudessem nem devessem ser trazidas para o conhecimento público situações mais dramáticas. Imperou o bom senso dos informadores. Não especularam.
A maioria das pessoas conhece a orografia da Ilha da Madeira, com montes elevados e desfiladeiros íngremes, escarpas acidentadas e declíves acentuados que impossibilitam a construção de infraestruturas conducentes à minimização de catástrofes naturais, como a que aconteceu recentemente.
A primeira vez que visitei a Madeira foi no longínquo ano de 1969. Passados 40 anos, o ano passado fui lá novamente e, do que me recordava ainda, verifiquei que havia uma diferença abismal. Gostei do que vi e durante o tempo que lá estive senti-me bem, não só pelo clima mas pelas boas condições infraestruturais, nomeadamente em vias de circulação, túneis que encurtam as distâncias e permitem circular com mais segurança e duma forma geral em todos os aspectos.
Não era até este momento um adepto da forma crispada e contundente com que o Dr. Alberto João Jardim, Presidente do Governo Regional se referia ao Governo Nacional em especial ao Sr. Primeiro Ministro e duma forma geral a todos os portugueses, a quem deve muito, fruto das contribuições que todos descontamos em impostos, parte dos quais são canalizados para a Madeira. Retratou-se perante a solidariedade que do Continente lhe foi prestada nas primeiras horas da catástrofe, pelo Presidente da República e Primeiro Ministro. Fiquei a ter por ele outra consideração.
Tenho ouvido comentários negativos à forma como as ribeiras estão canalizadas, às construções anárquicas em locais impróprios, etc, etc. 
Depois do que vi na Madeira recentemente, e confrontado com as imagens arrepiantes e inimagináveis da força incontrolável das águas vindas das montanhas, chego à conclusão, que se as ribeiras não tivessem sido canalizadas, a catástrofe teria sido maior. Por outro lado, a natureza dos solos da Madeira é propícia ao deslizamento das terras como aconteceu em locais que eu conheço, e onde nem sequer houve a intervenção do homem, como no caso do Monte dos Aviceiros, onde pernoitei em Novembro passado. Este caso só por si justifica quase tudo o que aconteceu, aliado naturalmente ao encharcamento dos níveis friáticos, pela quantidade de chuva fora do normal.
As casas não resistiram, nem podiam ter resistido, mas em condições normais resistem. Na Madeira não há muitos locais onde se possa construir casas para resistir a catástrofes como esta. Por outro lado, trata-se duma zona de minifúndio, onde as pessoas possuem um terreno que herdaram dos pais e onde querem construir a sua casinha. Não vão comprar terreno noutro local. É assim na zona do minifúndio, no Minho, no Douro, nas Beiras, em que o povoamento é disperso, consoante a propriedade dos terrenos, a Madeira não foge à regra.
Não têm razão para criticar, aqueles que por discordância política ou ideológica, arranjam argumentos para denegrir em vez de apoiar, neste momento difícil que a Madeira atravessa.
A resposta  está na forma como os Madeirenses encararam a situação e, apoiados pelo seu chefe, que teve uma atitude positiva e inteligente, ao não aceitar a Madeira como zona de calamidade, demonstrou inteligência e vontade de vencer, dando assim aos Madeirenses um exemplo a seguir.
A forma pronta como todos se lançaram na limpeza das ruas e do entulho e lamas que penetraram nos estabelecimentos comerciais da baixa do Funchal, são um exemplo a seguir por todos os portugueses que estejam empenhados em tirar este país da crise em que estamos atolados, e não a rejeitar empregos, porque é preciso trabalhar para no fim do mês o patrão ter dinheiro para poder pagar o salário.


Viana do Castelo, 2010-02-27
Manuel de Oliveira Martins  

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A VERDADE DAS NOTÍCIAS

Todos os dias somos confrontados, através da televisão ou dos jornais, com notícias dúbias, falhas de conteúdo ou, o que é mais grave, imprecisas e enganadoras.
A ânsia de dar a notícia mais rápido que a estação concorrente, leva muitas vezes o jornalista a não ser suficientemente preciso e exacto na notícia, induzindo o ouvinte em erro que  vai engrossando por efeito de bola de neve.
Há dias um jornalista, ao pretender fazer um relato dos acontecimentos catastróficos que recentemente ocorreram na Madeira, a propósito de uma bomba de esgoto, montada para extrair a água das caves de um centro comercial alagado, onde se encontravam carros estacionados e se presumia estivessem pessoas, dizia que a bomba estava avariada, para de imediato ser desmentido, em directo, por um responsável dos trabalhos de drenagem que estava a operar com a dita bomba, dizendo que a mesma estava parada para ser transferida para a 2ª cave, aguardando pela abertura de um furo na lage do pavimento para passar o tubo de drenagem.
No mesmo dia essa estação de televisão estava preocupada com o número de mortos e apontava erros e discrepâncias ao Governo Regional relativamente aos dados fornecidos. Estou de acordo que o Governo Regional devia falar a uma só voz e fornecer dados únicos para não induzir os jornalistas  que veínculam a informação, a darem números inexactos. Também compreendo que a catástrofe tenha desviado as atenções dos governantes para questões mais importantes e tenham descurado os canais de comunicação interdepartamentais, necessários a uma informação unívoca. O que já não compreendo é que os mesmos que erraram de manhã ao dar uma notícia em directo, sem confirmarem primeiro a veracidade, agindo apenas por suposição, afirmando que a bomba estava avariada, estejam daí a pouco a contestar os números de mortos avançados por fontes diferentes do Governo Regional.
O jornalista tem únicamente a missão de informar enquanto que o Governo tem outras tarefas mais importantes para se preocupar, especialmente num cenário de catástrofe. É irrelevante neste momento saber ao certo o número exacto de mortos, mas é importante saber se estão a ser tomadas as medidas correctas para debelar a catástrofe e não se deve diminuir a acção dos outros apontando defeitos, mas auxiliando com soluções para resolver os problemas.
Se cada um de nós agisse de forma a fazer o seu trabalho, executando as tarefas de cada um com a preocupação da perfeição, dando o seu melhor  sem subterfúgios e ambiguidades, este mundo seria certamente melhor.