sábado, 8 de maio de 2010

A GANÂNCIA DO PODER



A GANÂNCIA DO PODER
Há pessoas que vivem obcecadas pelo poder toda a vida e fazem disso o seu motus vivendem. Não sabem fazer outra coisa senão endeusar a sua pessoa; gostam de se sentir protagonistas, de dar nas vistas, são incapazes de ocupar um segundo plano, não gostam de obedecer a um qualquer, não são submissos, mesmo que isso seja benéfico para o bem comum. Dizem-se democratas, mas o que conta é a sua autocracia. Uma vez detentores do poder impõem a sua vontade sem ouvir os outros, ao contrário daquilo que exigem dos outros.
A história da humanidade é fértil em exemplos desses, alguns infelizmente trágicos para a humanidade. A tirania e a sede de vingança estão muitas vezes disfarçadas por apologias enganadoras, e retóricas que enganam os menos atentos ou desprevenidos.
Hitler foi um exemplo dessa retórica social que captava multidões, enganadoramente convencidas de um estado social, que em breve se tornou num déspota e num tirano de que a humanidade foi vítima.
É difícil decifrar o que vai na mente de cada um, mas quem estiver atento e se debruçar nos pormenores daqueles que anseiam o poder, facilmente descobre os tiques que, apesar de aparentemente encobertos por uma capa ténue, deixam transparecer os contornos duma personalidade dominadora e austera.
Este tipo de “seres” existem em todos os campos, sociais, políticos, económicos, religiosos, etc. Fazem parte da sociedade em que vivemos e por isso temos de saber lidar com eles, aceitá-los, mesmo que não comunguemos dos mesmos ideais.
O ser humano é muito diferente e complexo. A aceitação do nosso “semelhante”, por isso se emprega esta palavra e não a palavra  “igual”, é um acto de inteligência e tolerância que devemos procurar seguir no nosso comportamento diário, contribuindo assim para o entendimento e apaziguamento da sociedade.
Se aceitarmos o nosso vizinho como ele é, com os seus defeitos e virtudes, estamos a contribuir para um bom relacionamento, sem entrarmos em conflitos desnecessários que em nada contribuem para a pacificar a nossa vida quotidiana.
Tive em tempos um vizinho muito diferente de mim, era um “baldas”, não respeitava as regras de convivência social usuais ao comum das pessoas, fazia furos nas paredes nas horas de descanso, colocava música até  altas horas da manhã e muitas outras coisas que eram passíveis de uma acusação à polícia. A princípio pensei fazê-lo, mas resolvi ter uma conversa séria e educada com ele. Aceitou muito bem as minhas posições e prometeu melhorar o comportamento. Não foi imediato, mas gradualmente foi entrando nas regras de salutar convivência entre vizinhos. Imperou neste processo o respeito mútuo e a aceitação teve um papel importante.
O problema da maioria dos “amantes do poder” é não saber aceitar, não saber ouvir e entender que os outros também são seres humanos com direitos e deveres, que devem ser atendidos e respeitados.
Devemos estar atentos a este tipo de pessoas que proliferam em todos os campos da sociedade e que vestem a pele de cordeiros, mas são lobos por dentro.

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