sábado, 9 de outubro de 2010

AINDA SOBRE DIREITOS E DEVERES

O estado a que a Nação chegou era previsível há muito tempo. Direi mesmo que o estado crítico das contas públicas já há muito bateu no fundo. Os governantes tentaram camuflar o déficite, mantendo a cabeça na areia como a avestruz, contudo, a forma como a economia reagiu e as dificuldades a nível internacional forçaram o governo a mostrar parte da face da crise (não convém mostrar  toda).
As medidas agora impostas aos portugueses - principalmente aqueles que trabalham - podiam ter sido evitadas, se, atempadamente, tivessem sido tomadas as devidas precauções para não chegarem a este patamar, donde dificilmente sairemos, se outra política e outros governantes não se atreverem a mudar o sistema.
Desde a formação da Nação que sabemos que somos um país onde não abundam riquezas materiais que nos permitam fazer uma vida de ricos  e repartir a riqueza equitativamente.
Ao longo dos séculos demonstramos que só utilizando o nosso potencial humano, que é de facto a nossa riqueza natural, fomos vencendo os obstáculos que encontramos nessa caminhada de oito séculos.
A política que ultimamente tem vindo a ser seguida, fomenta uma atitude de passividade e de subsídio dependência em todos os níveis da sociedade. Não existe um incentivo ao trabalho, à criação de riqueza, pelo contrário, apoia-se a inoperância e "habilidade" de alguns, peritos em encontrar estratagemas para sacar do erário público (de todos os que trabalham e pagam os impostos em dia) a sua sobrevivência, contribuindo para o endividamento do país.
O velho ditado - há meio mundo a "lixar" outro meio - aplica-se ao nosso estado actual; é mesmo possível que existam mais dependentes do Estado do que contribuintes; estes são sempre os mesmos, por isso o Estado lhes vai sacando através de impostos directos ou indirectos uma grande fatia do trabalho, única fonte onde pode ir buscar receita, para fazer face às despesas que não consegue controlar.
As medidas que agora foram tomadas são de uma injustiça atroz para aqueles que sempre produziram e contribuíram para o Estado. Para uns, os que nada fazem, todos os direitos; para os outros, os que trabalham, que produzem, todos os deveres. Será isto um Estado de direito?
Esta é a filosofia do "Estado Social" que deixou cair este pobre país no fundo do poço e que não encontra solução para nos tirar de lá, culpando tudo e todos, não querendo admitir os erros que tem cometido ao longo dos mandatos com promessas eleitoralistas que sabe que não pode cumprir.
Sou solidário com quem mais precisa, com quem ficou sem emprego, com quem tem encargos a cumprir e que de um momento para o outro a vida lhe pregou uma partida ( falo por experiência própria), mas que quer  e tem vontade de trabalhar; mas já não posso aceitar que pessoas válidas que podem e devem dar o seu contributo à sociedade o não façam porque é mais cómodo viver do subsídio que o Estado dá para aqueles que de facto estão impossibilitados fisicamente para o fazer.
A medidas de apoio à pobreza que foram implementadas permitiram o acesso desregrado e oportunista de uma camada da população absentista e marginal. Só agora, depois da reincidência e teimosia em apostar nessas medidas, confrontado com o crescente buraco do saco sem fundo, o Governo resolveu tentar pôr cobro aos desmandos de gestão dessas medidas.
O país necessita de maior controle por parte dos governantes, aos "habilidosos preguiçosos" e aos "capitalistas ardilosos", para não cairmos na situação "terceiro mundista" do muito pobre e do muito rico, descapitalizando a classe média, a que trabalha e produz riqueza, e que mantém os países em funcionamento, com economias equilibradas, sem injustiças sociais gritantes, onde existe respeito, e onde a dignidade da pessoa humana é posta em primeiro lugar.


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