segunda-feira, 8 de março de 2010

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Neste momento em que escrevo esta opinião, ainda estão a decorrer as buscas para encontrar o corpo do infeliz menino que em Mirandela se atirou ao rio, suicidando-se, ao que tudo leva a crer, por ser vitima de violência na escola, feita por colegas.
Há muito que este fenómeno vem acontecendo e sendo "camuflado", ignorado pela sociedade em geral, especialmente por quem deve estar atento a estes acontecimentos.


O Leandro de Mirandela vai ficar na história, pena que seja por este motivo, mas que ao menos sirva para chamar à  atenção dos responsáveis, a todos os níveis, a nós próprios pais e avós, para que tomemos consciência e denunciemos estas situações, sem medos de represálias, porque é um direito que nos assiste, denunciar o que está mal e enaltecer o que de bom se faz.
A população escolar é um reflexo da sociedade que temos. Antigamente dizia-se que era na tropa que se encontrava o que de bom e de mau havia na sociedade, era o espelho da sociedade masculina, pelo menos. Nos dias de hoje é nas escolas que todas as crianças se encontram e no convívio entre elas extravazam os seus sentimentos, bons ou maus, e mostram a educação que receberam em casa. É o espelho do amanhã.
Isto leva-nos a pensar sobre a forma e o sistema de educação e ensino que tivemos e temos neste momento, e se é isto que queremos deixar de herança aos nossos netos.
Todos nós somos co-responsáveis com a sociedade. Todos nós temos uma missão na sociedade em que vivemos porque pertencemos a ela. É através dos nossos actos que intervimos para a construção dessa sociedade, por isso não nos podemos desresponsabilizar e apontar culpas aos outros. 
No período negro da nossa história recente, em que não podíamos falar nem agir, lamentávamo-nos por isso, agora, que temos a liberdade de intervir e tomar posição, abstemo-nos de o fazer, tomando a atitude mais comodista, "isto não é comigo, os outros que resolvam", o pior é quando toca a nós; se assim pensarmos todos, ninguém resolve nada e o país e o mundo pára, ou torna-se incontrolável.
É preciso reformular políticas educativas para educar as novas gerações a serem cidadãos conscienciosos dos seus deveres e direitos; entretanto, é preciso começar a tomar medidas rigorosas (não opressoras, é bom não confundir o rigor com a opressão) já, que passam pela disciplina, pela observância de regras de conduta, de ética, de moral, caso contrário, estamos a preparar uma sociedade sem controle, sem princípios, que os únicos meios que conhece são a anarquia e a violência.
Da mudança de atitude em cada um de nós, depende a mudança da sociedade. Nós não podemos modificar os outros, mas podemos modificar-nos a nós próprios. Se cada um modificar, um mínimo que seja, o seu comportamento para melhor, está a melhorar o mundo. Vamos por isso melhorar o nosso comportamento social positivamente, começando por utilizar as armas que a sociedade democrática, em que ainda felizmente vivemos, nos poe ao nosso dispôr.
Não exijamos da sociedade quando nada lhe damos em troca. "É preciso darmos para recebermos", é um ditado antigo que ainda não foi posto em causa.
Que o caso fatídico do menino de Mirandela sirva a todos de lição para sermos mais participativos na construção da sociedade em que vivemos.

Viana do Castelo, 2010-03-08
Manuel de Oliveira Martins

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