terça-feira, 9 de novembro de 2010

QUEM TEM MEDO DO FMI ?

O Fundo Monetário Internacional, foi criado em 1945, com o intuito de zelar pela estabilidade do sistema monetário internacional e visa promover a cooperação e consulta em assuntos monetários entre os 184 países membros.
Há 27 anos, corria o ano de 1983, quando o governo de coligação do chamado Bloco Central, liderado por Mário Soares e Mota Pinto, com Ernâni Lopes como Ministro das Finanças viu-se na necessidade de recorrer a este fundo para evitar que o país caísse na bancarrota.
O FMI não é nenhum papão que nos venha sugar o sangue e comer a carne e os ossos, como ficou demonstrado nessa intervenção, que foi benéfica para Portugal, apesar da austeridade imposta para cumprir os acordos. Antes pelo contrário, é um remédio para curar os males daqueles que estão com a saúde económico-financeira abalada por desregramentos provocados por excessos cometidos.
Porquê e como chegamos a este estado? - todos sabemos, só que fazemos de conta  que não é connosco. Todos procuramos comer do bolo, mesmo que amanhã não haja nada para comer.
Neste contexto, mais uma vez imperou a lei do mais forte, do mais poderoso e influente que conseguiu obter uma fatia maior, enquanto que ao pobre, sem poder nem influência, apenas couberam algumas migalhas.
Este facto reporta-me para países do terceiro mundo onde grassa a fome, enquanto que noutros países abundam os géneros de toda a ordem e se queimam ou destroem milhões de toneladas de bens essenciais, a bem da economia, dizem eles.
Por vezes, e para o mundo ver que são generosos, resolvem enviar um navio com uns milhares de toneladas de cereal ou outro género, sempre com a cobertura da Comunicação Social, que não chega para satisfazer as necessidades imediatas dos mais expeditos e afoutos que, na expectativa criada de alimento, afluem aos locais de distribuição. É uma corrida desenfreada, é um salve-se quem puder, a ver quem consegue obter melhor proveito. Aqui impera sem sombra de dúvida a lei do mais forte, enquanto que o mais fraco,, desprotegido, inválido, os mais carenciados, são os que menos ou nada conseguem.
Costuma-se dizer que ninguém dá nada a ninguém e também, ninguém empresta algo sem contrapartida. Os bancos emprestam dinheiro com a contrapartida dos juros. Portugal tem-se socorrido de empréstimos estrangeiros, recorrendo a remédios que só têm contribuído para agravar a saúde económica e financeira cada vez mais, estando, para além disso, sujeito à especulação dos juros (hoje ultrapassou os 7%), adquirindo dinheiro cada vez que precisa, em piores condições de pagamento, sem com essa injecção de dinheiro atenuar a doença que nos rói e que é estrutural e não conjuntural como se pretende fazer crer.
Quando o mal não se corta pela raiz a planta mais tarde ou mais cedo estiola e morre. A economia do país está moribunda, é preciso duma vez por todas, sem medo, cortar o mal pela raiz, mesmo que para isso tenhamos de passar um mau bocado para sobrevivermos, mas é melhor do que morrermos.
Não é difícil fazer o diagnóstico económico-social do nosso país. Somos um país de poucos recursos económicos, altamente dependente do estrangeiro, mas temos um potencial humano e de trabalho invejável, que é pretendido e apreciado pelo estrangeiro. Não temos sabido aproveitar esse potencial que cada vez mais vai fugindo para o estrangeiro. Tornamo-nos preguiçosos, dependentes do dinheiro que a Comunidade Europeia nos foi emprestando durante estes 25 anos  para nos prepararmos para atingir o nivel deles. Não soubemos gerir bem esse dinheiro que nos foi emprestado sem juros, pensávamos que era uma benesse dos países mais ricos para com os mais pobres. Não entendemos que era uma ajuda que nos estavam a dar para crescermos, mas que se não a aproveitássemos teríamos de a pagar.
De quem é a culpa? - a culpa é de todos nós, mas em especial daqueles que elegemos para nos representar, convictos que eram os melhores e que eram credores da confiança que neles depositamos. Tal não se verificou e agora temos de pagar as favas por que esses senhores não souberam ou não quiseram honrar Portugal, em nome de quem exerceram os cargos que o povo lhes confiou.
Depois deste sucinto diagnóstico, só nos resta uma solução, que há muito já devia ter sido tomada - o FMI.
Não tenhamos medo do FMI, porque vai ser ele o antibiótico para os nossos males, mais eficaz que os placebos que temos andado a tomar e que só contribuíram para o afundamento a que chegamos.
Somos um povo de brandos costumes que precisamos de medidas fortes e radicais para espevitarmos. Foi assim ao longo da nossa história gloriosa. Saibamos emergir do lodo em que nos deixaram atolar com promessas vãs, com patranhas ignominiosas.
Precisamos de alguém, português ou estrangeiro - se for português melhor - que discipline as nossas finanças e ponha a economia a funcionar  e o país a confiar e a produzir. Falta-nos rigor na nossa vida. Habituamo-nos a desculpar tudo e todos em nome da liberdade. Esse não é o meu conceito de liberdade, o meu exige responsabilidade e educação para a cidadânia que é o que falta à maioria.



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