Todos os dias somos confrontados
nos meios de comunicação com notícias de violência desmedida e injustificada,
com origem, muitas vezes, em razões fúteis, que degeneram em agressão e/ou em
morte.
Este surto de violência tem vindo
a aumentar nos últimos tempos, é preocupante e merece das autoridades uma
atenção redobrada e um inquérito às causas que estão na sua origem.
Sempre ouvi dizer que se deve
exterminar o mal pela raiz, expressão com a qual concordo plenamente. Não se
deve negligenciar os princípios básicos que regem a sociedade sob pena de se
perder o controlo dessa mesma sociedade.
A educação está na base de tudo o
que se é na vida. Nela reside a essência da sociedade que construímos. A
educação não suporta negligência e tolerância, antes pelo contrário, exige
disciplina e rigor que é muito diferente de prepotência e brutalidade.
É no «berço» que se criam e
perpetuam para a vida os bons hábitos, que a escola deve complementar, e
corrigir nos casos desviantes de conduta atípica motivados pela falta de
carinho, atenção e amor, que não foram ministrados no «berço».
Os casos de violência que têm
vindo a lume revelam que a sociedade está enferma e precisa urgentemente de ser
tratada dos males que padece.
A polícia, entidade do Estado de
direito, tem como missão principal garantir a segurança de pessoas e bens.
Não querendo fazer julgamentos
prévios ao oficial de polícia que foi protagonista dos inqualificáveis
incidentes ocorridos no dia 17 de maio, no final do jogo entre o Guimarães e o
Benfica (penúltimo jogo da 1.ª liga de futebol) que terminou com um empate a
zero, nem tão pouco classificar a Instituição de Polícia por este ato
tresloucado de um dos seus agentes, não posso deixar de mais uma vez apelar ao
legislador para rever as regras de admissão e progressão dos agentes de
autoridade, submetendo-os a exames psicotécnicos imprescindíveis para o
exercício da profissão que envolve o contacto com seres humanos possuidores dos
mais díspares carateres e personalidades.
Os órgãos de comunicação social,
céleres em dar a notícia em primeira mão para captar audiências, também
precisam de aprender e ponderar, quando e como, devem dar a notícia para evitar
o despoletar de situações como as que se viveram no Marquês de Pombal. É
preciso ter consciência do acendimento do rastilho, para evitar situações
desagradáveis como aquelas que se viveram na noite dos festejos do título na
zona do Marquês de Pombal, que podiam ter sido muito mais graves.
Outro caso que se prende com a
violência e que merece também muita atenção da parte do legislador, é o caso do
sargento com baixa psiquiátrica, que possuía um arsenal de 30 armas das quais
29 estavam legalizadas, a única que não estava foi a que originou o crime que
vitimou o gerente da pastelaria de Benfica. Um militar perfeitamente
identificado e com cadastro, com baixa psiquiátrica, não pode andar à solta nem
ter acesso a uma arma muito menos a trinta.
Somos aquilo que criamos, para o
bem ou para o mal. Não basta ter pão é preciso ter educação, ferramenta
primordial em toda a estrutura do ser humano enquanto membro de uma sociedade
sadia e culturalmente evoluída.
Viana do Castelo, 2015-05-20
Manuel de Oliveira Martins
maolmar@gmail.com
Publicado no jornal «A Aurora do Lima» n.º 24 em 2015-06-18