segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O DEVER DO DEVER


O dever é filosoficamente falando uma obrigação. Obrigação que não é  nem física nem racional, antes derivada de uma obrigatoriedade com origem numa ordem ( o seu carácter deriva consoante as diversas éticas existentes: Natureza, Deus, Autoridade).
Para Kant  o dever é a necessidade de actuar por puro respeito à lei.
Se considerarmos o dever em si mesmo (quanto à forma) é a obrigação moral, inerente ao próprio sujeito em observar a lei. (in Grande Dicionário Enciclopédico).
Sob este aspecto existem várias formas de dever, consoante a posição que ocuparmos, na família, no trabalho, na sociedade.
O  cumprimento do dever é fundamental numa comunidade, dele dependendo o futuro dessa comunidade.
A falta de cumprimento do dever de um ou mais elementos dessa comunidade origina perturbações no seio dela, muitas vezes irreparáveis, levando quase sempre ao seu mau funcionamento e desmembramento quando é fraca a sua sustentabilidade e pequena a sua influência. Por exemplo numa comunidade familiar, o núcleo mais pequeno, quando um dos membros não cumpre com um ou mais deveres, se atempadamente não forem tomadas medidas atinentes a suprir esses incumprimentos, entra em colapso.
No mundo laboral numa empresa onde um dos membros, patrão ou empregado, não cumpre com os deveres inerentes a cada um, surgem inevitavelmente problemas de funcionamento. Se o empregado é desleixado, preguiçoso, abstinente, se, como é costume dizer-se não veste a camisola da empresa  ou se o patrão é prepotente, não paga o salário aos empregados, existe de parte a parte incumprimento do dever e consequentemente esta empresa não pode ter sucesso e vai à falência.
Na sociedade em geral dum país que se rege por normas de direito, o problema é semelhante, mas atingindo proporções e dimensões maiores, muitas vezes difíceis de solucionar e irreparáveis quando redundam em conflitos em que as vítimas são em primeiro lugar os inocentes, os idosos, duma forma geral o ser humano. São muitos os exemplos que se podem enumerar, dos simples distúrbios de bairro aos atentados, conflitos raciais, bélicos, etc.
Em oposição ao dever temos o direito. É dever de cada um de nós respeitar o direito do outro. Só assim contribuiremos para um mundo melhor.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O CENTRÃO

Tenho ouvido muitas versões e opiniões acerca do "Centrão". Para mim o "Centrão" é um movimento invisível que se desloca ora para a esquerda ora para a direita consoante os interesses pessoais.
Este movimento não é recente, surge na monarquia liberal movendo-se alternadamente ora para os Progressistas ora para os Regeneradores.
Na I República andou perdido, disperso por diversos partidos sem se encontrar, pulverizando-se pelos partidos que então proliferavam.
Na ditadura ficou mudo e quedo, amordaçado; manteve-se silencioso, expectante, esperançado ressuscitar um dia.
Finalmente a liberdade com o 25 de Abril. As portas abriram-se inesperadamente e, como uma avalanche, irrompeu descontroladamente, sem que estivesse preparado para enfrentar a luz do dia que despontava na sua frente. Ficou incrédulo, confuso, cambaleante como alguém que sai do fundo do túnel e que a luz cega. Encostou-se a quem lhe estendeu a mão e lhe deu amparo, libertando-o da cegueira a que a ditadura o tinha conduzido durante 48 longos anos, que lhe toldaram o querer, o sentir e agir de modo próprio.
Pouco a pouco foi-se adaptando e agindo em função dos próprios interesses e começou gradualmente de impor  a sua vontade, condicionando o poder a todos os níveis: local, regional, social, económico, político, cultural e nacional.
É no fundo um poder invisível que os políticos temem e que os enreda numa teia bem urdida e tecida como a que a aranha tece para envolver a sua presa, que fica amarrada sem poder fugir.
Esse poder invisível , sem rosto, é anónimo e incontrolável, move-se a seu belo prazer; se entende que se deve aliar à esquerda, porque esta lhe dá melhores benefícios, fá-lo sem avisar, é enganador, não respeita as sondagens deixando tudo e todos estupefactos, o mesmo acontecendo quando resolve virar à direita.
É por isso uma força oculta que assusta os políticos deixando-os na maior parte das vezes sem saber como agir perante o imponderável.
Bem ou mal, quem comanda de forma invisível, dissimulada, imprevisível, os destinos do país para o bem ou para o mal, consoante a opinião de cada um , é o"Centrão".