terça-feira, 16 de agosto de 2011

COMO VAI ESTE PAÍS ... (III)

Hoje, resolvi reviver tempos de infância, fui apanhar amoras silvestres como fazia quando tinha nove/dez anos.
O tempo, apesar de quente,  estava nevoento, nada convidativo a ir à praia, propício à apanha das saborosas amoras, que me fazem lembrar os despreocupados e felizes tempos da minha infância rural, passados numa aldeia beirã na encosta da serra do Arestal, uma das serras que constituem o maciço da Gralheira, donde se divisa o mar em dias límpidos.
Munido de sacos de plástico e um cesto para os colocar quando cheios, fui para a veiga da Areosa, em Viana do Castelo, onde infelizmente as silvas proliferam com abundância, fruto do abandono crescente do mundo rural e  de ricos terrenos de cultivo .
Quando apanhava as negras amoras, que me tingiam as mãos de púrpura, a escassos metros da estrada que liga Viana a Caminha, fui surpreendido pelos impropérios de uns miúdos de nove/dez anos que viajando dentro de um automóvel no sentido S/N, acompanhados pelos pais, se dirigiram a mim, gritando: - "gatuno, filho da ...", e outras blasfémias que nem ouso mencionar, por impróprias  e indígnas de gente civilizada. 
Mas, o que mais me indignou, sem sequer olhar para o carro (o desprezo é a melhor arma), foram as gargalhadas disparatadas da mãe, em tom jocoso, apoiando a iniciativa pouco louvável das crianças, em vez de as repreender e mandar calar.
Esta atitude deplorável, só revela falta de educação dos miúdos, mas principalmente daquela mãe que não teve o bom senso de mandar calar as inconscientes crianças, antes apoiou com gargalhadas trocistas,  trouxe-me à mente mil e um pensamentos que confluem para uma conclusão pessimista e nada animadora da sociedade futura.
O recurso ao insulto fácil, à violência, por parte daqueles que teem a missão de educar e ensinar, está a transformar os jovens em autênticos monstros, desprovidos de referências  e de valores orientadores que permitam desenvolver uma personalidade forte e com ética.
Não se pode tomar o todo pela parte, mas preocupa-me que, atitudes como esta e outras que tenho presenciado últimamente, como é o caso dos distúrbios no Reino Unido, de jovens de pouco mais de dez anos, venham a redundar numa sociedade selvagem, onde tudo é permitido, sem regras, sem controle. O que verdadeiramente está em causa é a democracia e a liberdade, em nome da qual, indevidamente as pessoas, sem educação e formação (como estas) se predispoem a tomar atitudes como esta, julgando-se com todos os direitos e sem deveres.
A maior parte sabe como surgiram as ditaduras. A crescente onda de violência que grassa em todo o mundo é preocupante e pode levar a que haja a tentação de enveredar por esses caminhos escuros que levam à ditadura.
Oxalá esteja enganado e não haja muitos exemplos como este que conduzem a sociedades sem controle e estimulem a apetência por regimes totalitários como forma (repugnante) de domínio radical da sociedade.


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