terça-feira, 9 de agosto de 2011

CHOQUE DE CULTURAS


Todos os dias somos confrontados com notícias preocupantes resultantes de confrontos étnico-religiosos provenientes de todo o mundo, mas especialmente do mundo ocidental, mais permissivo à inclusão de raças e etnias diferentes em consequência da liberdade democrática, apanágio das democracias ocidentais.
O fenómeno da globalização gerou no planeta Terra uma mobilidade humana sem precedentes na história da humanidade. Nem as grandes invasões dos povos bárbaros tiveram tal repercussão. A este fenómeno não são alheios os meios de comunicação, em que os transportes têem um papel preponderante, pelos fluxos migratórios que gera.
As grandes metrópoles mundiais acolheram esses fluxos migratórios que se instalaram em bairros (favelas) étnicos mantendo os seus costumes, tradições culturais e religiosas, formando núcleos étnico-culturais poderosos e temerosos. São exemplos os «hispânicos» nos E.U.A.,em especial em Nova York, em Miami, São Francisco, etc., os Cabo Verdianos em cidades europeias como Amsterdão, Lisboa, os Argelinos nas grandes cidades francesas, os turcos na Alemanha, os Asiáticos nas grandes cidades inglesas, etc, etc,.
Este fenómeno sócio-cultural e económico, difícil de explicar, poderá ter origem na necessidade de libertação do ser humano que aspira por novos valores, de liberdade e especialmente por melhores condições de vida que não encontra nas origens, sendo forçado a emigrar para onde pode usufruir delas.
Uma vez instalados nos países de acolhimento, raros são aqueles que se diluem nessas sociedades (os portugueses são um caso raro de homogeneização), constituindo núcleos culturais fechados, não permissíveis à intrusão dos nativos ou doutros grupos étnicos.
Como exemplos destas manifestações étnico-culturais temos, o caso do uso da «Burka» pelas mulheres islâmicas em França,  as mutilações genitais femininas em quase todo o mundo, os recentes confrontos nos bairros do Norte de Londres e outras cidades do reino Unido, etc,.
O mundo está em desiquilíbrio, económico, populacional e cultural, que se traduz numa instabilidade social de difícil solução. Enquanto não se der o equilíbrio das três variáveis, o mundo estará sempre ameaçado e em sobressalto.
A crise económica que vivemos, é talvez a variável que mais peso tem neste processo complexo, seguida da variável demográfica proveniente de excesso de população nos países asiáticos e falha nos países ocidentais. A variante cultural, embora com menos peso aparentemente, tem contudo uma influência imprevisível de contabilizar por que interliga com as outras duas.
Este desiquilíbrio mundial é fruto do sistema político de cariz capitalista que domina o mundo, com culpas para aqueles que se arvoraram em defensores da liberdade e contribuíram para o despertar e desestabilização de culturas, desajustadas ao mundo ocidental e impreparadas  social e culturalmente, na mira de obter dividendos económicos em proveito próprio, que  o tempo provou ter-se voltado o feitiço contra o feiticeiro, como a conjuntura económica actual é um testemunho disso.
Os E.U.A. estão a pagar o preço duma ambição desmedida e sem planeamento que conduziu a China a tornar-se, fruto de um potencial humano imenso,  numa superpotência mundial  que provocou um desiquilíbrio mundial difícil de superar nas próximas décadas, que está aniquilando a maior parte das economias, especialmente as grandes, entre elas a maior que vai ser ultrapassada e passar por maus momentos, com repercussões a todos os níveis, e a todos os continentes.
O equilíbrio demográfico vai ter  de ser feito, com guerras ou sem guerras. O estado actual da população a nível mundial é sustentável por mais uma ou duas décadas, depois entra em rutura e o resultado é imprevisível.
O choque cultural para reequilibrar o mundo é o mais difícil, senão impossível de conseguir. O atraso cultural entre os povos é enorme e desmotivador de qualquer tentativa consciente ou inconsciente para o atingir.
O cenário é negro. Devemos preparar-nos para ele, mental e emocionalmente, para resistirmos ao impacto violento que este desiquilíbrio nos vai trazer, mais breve do que imaginamos. Os indícios estão à vista.
Viana do Castelo, 2011-08-08
maolmar@gmail.com

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