sábado, 15 de setembro de 2012


EM NOME DA LIBERDADE
Por tudo e por nada se invoca a liberdade. Em nome dela se cometem as mais diversas atrocidades e se destroem as mais elementares formas que a constituem.
Só quando se perde a liberdade é que se lhe dá verdadeiro valor. Aqueles que se veem privados dela, estimam-na e preservam-na com denodo e admiração, os outros normalmente usam-na como um bem inesgotável.
É necessário praticarmos a liberdade em todos os atos da nossa vida, dessa forma estamos a cimentar os alicerces desse grandioso edifício que se chama liberdade e que o povo Americano simbolizou com uma estátua à entrada da baía de Hudson.
Miguel Sousa Tavares disse numa entrevista à Notícias Magazine em 13 de maio de 2012 (n.º 1042), [a liberdade] “não se compra nem sai no euromilhões, demora uma vida a conseguir”. É de pequenino, nos mais singelos atos que praticamos, que se começa a construir esse grande edifício. Os pais, professores e sociedade em que vivemos, têm um papel importante na formação desse conceito que à medida que crescemos se vai tornando real e ao mesmo tempo intuitivo.
O mesmo entrevistado dizia ainda que “ os portugueses já perceberam que têm de mudar de vida, mas ainda não entenderam o que correu mal”. Eu digo ao contrário: os portugueses já descobriram o que correu mal, mas, como a avestruz, ainda não entenderam que têm de mudar de vida.
Todos já percebemos que gastamos acima das nossas posses, que nos deixamos levar pelo consumismo, veja-se o aumento anormal da produção de lixo, como indicador do consumo - além de outros - para termos uma ideia geral do despesismo que grassa na sociedade.
Usa-se e deita-se fora, alimentando uma economia fácil e sem consistência que nos leva ao abismo.
Um exemplo concreto desse fenómeno, é o caso dos telemóveis que invadiu a sociedade portuguesa duma forma galopante, a ponto da média por pessoa ter chegado a ultrapassar a unidade.
 Como este, muitos outros exemplos poderiam ser apontados, mas o que tarda a acontecer, embora já se verifiquem pequenos índices de restrição ao consumo, é a mudança de hábitos que em nome da liberdade se foram adquirindo, inconsistentemente.
Viana do Castelo, 2012-08-20
Manuel de Oliveira Martins

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