quinta-feira, 24 de junho de 2010

A CRISE

A CRISE

Há muito que vivemos em crise. Ela não é de agora, tem antecedentes que se perdem na voragem do tempo.
Ao contrário do que a maioria normalmente pensa, a crise não é só económica, mas sim sociológica. Se não, vejamos. Quem são os povos que vivem em piores condições sociais? São aqueles onde ainda não chegou o conhecimento, que têm níveis de alfabetização muito baixos e consequentemente níveis de pobreza condizentes com essa condição.
A crise que estamos a viver, embora reflicta de certa forma o fenómeno da globalização, que arrastou todos os povos para a crise económica, é um reflexo do estado sociológico inerente a cada país.
Os países mais bem preparados e mais bem estruturados, com mais formação e educação, resistem melhor aos vírus externos, por que essas armas são os melhores antídotos para combater os ataques venenosos que vêm do exterior.
Podemos não ter muito dinheiro, mas se tivermos discernimento, educação, preparação intelectual e espiritual, sabemos como vencer a crise. Aqueles que não têm essas armas caem no desespero, não sabem como enfrentar as adversidades, por que não foram preparados para elas. Sempre lhes foi dado de mão beijada o pouco que têm, sem sacrifício, e mais não lhe deram e ensinaram.
Portugal não se preparou para enfrentar uma crise desta natureza, não soube aproveitar os empréstimos que os outros (C.E.E.) lhe concederam por um tempo suficientemente dilatado para atingir os níveis deles.
Como foram aplicados os milhões que nos emprestaram?
Ninguém sabe, ninguém é responsável, desculpam-se uns com os outros, contudo, continuam a pedir sacrifícios àqueles que sempre pagaram as facturas dos que esbanjaram e que ainda por cima se riem. Não há justiça social, destruíram a classe média, aquela  que aguentava este país com o pagamento dos impostos, e agora, depois de lhe ter comido a carne, ainda lhe estão a  roer os ossos, tal é o desespero em que estão mergulhados, sem saber onde ir buscar mais dinheiro para manter a crise; não é para sair dela, por que não têm soluções.
As medidas que deviam tomar, nunca tiveram a coragem de as pôr em prática, por que nunca governaram a pensar no ser humano e naquilo que ele tem de mais nobre que é a sua educação e formação, o seu carácter.
Era mais fácil governar para agradar a um sector, que levado por promessas os ia mantendo no "poleiro", mas esses "boys" também estão gastos e a pedir reforma. Alguns até já se aposentaram com reformas chorudas que envergonham os governantes dos países que foram e continuam a ser nossos credores, outros debandaram para as "privadas", onde auferem salários anuais tão elevados que o cidadão comum trabalhando uma vida inteira jamais conseguirá atingir. Uns e outros saíram a tempo, antes que o filão se esgotasse, "não fosse o diabo tecê-las ..."
Estamos a passar por uma crise de valores, é o "salve-se quem puder", não há justiça exequível, nem respeito pelo próximo. Estamos a passar por uma crise sociológica, muito pior que uma crise económica ou financeira, por que nestas sabe-se como actuar e o remédio a aplicar, naquela ainda não foi encontrado o remédio.
Se atempada e preventivamente tivesse sido ministrado o remédio que consiste numa boa educação e formação, agora, perante o vírus, saberia como reagir, estava imunizado contra as bactérias da ignorância, da luxúria, da incompetência, da corrupção e da ganância.
Perderam-se anos a fazer de conta que se fazia e ainda se continua pelo mesmo caminho. Quem não se lembra dos fundos comunitários para a formação, que foram tão mal aplicados, para não lhe chamar outro nome feio? Actualmente com as "novas oportunidades" está-se a cair no mesmo erro só para tapar os olhos da UE, com números que nada dizem por que não são reais; estas medidas só agradam  aos oportunistas, àqueles que querem ter diplomas sem se esforçarem para os obter, e para aqueles que fazem que ensinam sem nada ensinarem.
Parece que agora resolveram alargar o âmbito das "novas oportunidades" ao ensino superior (sinceramente sr. ministro, tinha-o noutra conta...)." Pior a emenda que o soneto". Só se é para obter percentagens de mestres e doutores para apresentar na União Europeia ou mais uma artimanha para iludir e para constar nas estatísticas.
E assim se vai consumindo o erário público (agora é aumentando a dívida pública) de todos nós, mas quem paga são sempre os mesmos os que cumprem, porque aos faltosos nada lhes acontece, ao fim de um tempo vêm os perdões fiscais ou prescrevem os prazos por inépcia das instituições e incongruência da lei. Para estes é bom viver num país assim, enquanto para os outros é um fardo pesado.