segunda-feira, 22 de março de 2010

LIMPAR PORTUGAL


Hoje, dia 20 de Março de 2010, teve lugar uma iniciativa de índole popular, sem conotações político partidárias, digna de louvor, que revela como o povo é solidário e amigo do ambiente.
A esta iniciativa juntaram-se pessoas de todos os extractos sociais, na qualidade de cidadãos normais, e não pelas funções ou cargos que desempenham, pretendendo mostrar que todos nós temos deveres a cumprir. É um acto de cidadânia.
É bom que todos nós tomemos consciência das realidades que nos envolvem quotidianamente e façamos algo em prol da comunidade, demonstrando assim àqueles que julgam que tudo é possível fazer sem limites, impunemente, possam despertar para a realidade.
A sociedade civil tem um papel importante a desempenhar na construção da democracia participativa. É desta forma, construindo, que conseguimos edificar um Mundo Novo, com valores altruístas e enriquecedores do ser humano.
Espero que esta acção de cidadânia seja um exemplo para outras iniciativas em prol da humanidade.
Esta “Limpeza de Portugal” de nada servirá se futuramente não forem tomadas medidas pelos governantes que visem desencorajar e impedir os prevaricadores de voltarem a recair na mesma atitude.
Existe alguma legislação, que está provado é insuficiente ou não tem a aplicação prática necessária a dissuadir os faltosos a cometerem actos que prejudicam o ambiente e a sociedade em geral.
É preciso tomar medidas adequadas que incentivem os delapidadores do bem público, que é de todos nós, a defendê-lo e a serem os guardiões dessa propriedade colectiva como é o ambiente.
Caso não sejam tomadas medidas já, arriscamo-nos a perder a consciência colectiva que ainda assiste a alguns de nós, desencorajando-os a futuramente se desinteressarem destas iniciativas, porque os delapidadores do bem público continuam a prevaricar e a rirem-se dos obreiros destas acções, dizendo:
- Limpem, Limpem ! Nós continuamos a sujar. Alguém há-de limpar!
Espero, com este escrito, contribuir para que os governantes despertem para este e outros problemas sérios que perturbam e afectam a sociedade, em vez de andarem preocupados só com o seu umbigo.
Viana do Castelo, 2010-03-20
Manuel de Oliveira Martins

segunda-feira, 8 de março de 2010

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

Neste momento em que escrevo esta opinião, ainda estão a decorrer as buscas para encontrar o corpo do infeliz menino que em Mirandela se atirou ao rio, suicidando-se, ao que tudo leva a crer, por ser vitima de violência na escola, feita por colegas.
Há muito que este fenómeno vem acontecendo e sendo "camuflado", ignorado pela sociedade em geral, especialmente por quem deve estar atento a estes acontecimentos.


O Leandro de Mirandela vai ficar na história, pena que seja por este motivo, mas que ao menos sirva para chamar à  atenção dos responsáveis, a todos os níveis, a nós próprios pais e avós, para que tomemos consciência e denunciemos estas situações, sem medos de represálias, porque é um direito que nos assiste, denunciar o que está mal e enaltecer o que de bom se faz.
A população escolar é um reflexo da sociedade que temos. Antigamente dizia-se que era na tropa que se encontrava o que de bom e de mau havia na sociedade, era o espelho da sociedade masculina, pelo menos. Nos dias de hoje é nas escolas que todas as crianças se encontram e no convívio entre elas extravazam os seus sentimentos, bons ou maus, e mostram a educação que receberam em casa. É o espelho do amanhã.
Isto leva-nos a pensar sobre a forma e o sistema de educação e ensino que tivemos e temos neste momento, e se é isto que queremos deixar de herança aos nossos netos.
Todos nós somos co-responsáveis com a sociedade. Todos nós temos uma missão na sociedade em que vivemos porque pertencemos a ela. É através dos nossos actos que intervimos para a construção dessa sociedade, por isso não nos podemos desresponsabilizar e apontar culpas aos outros. 
No período negro da nossa história recente, em que não podíamos falar nem agir, lamentávamo-nos por isso, agora, que temos a liberdade de intervir e tomar posição, abstemo-nos de o fazer, tomando a atitude mais comodista, "isto não é comigo, os outros que resolvam", o pior é quando toca a nós; se assim pensarmos todos, ninguém resolve nada e o país e o mundo pára, ou torna-se incontrolável.
É preciso reformular políticas educativas para educar as novas gerações a serem cidadãos conscienciosos dos seus deveres e direitos; entretanto, é preciso começar a tomar medidas rigorosas (não opressoras, é bom não confundir o rigor com a opressão) já, que passam pela disciplina, pela observância de regras de conduta, de ética, de moral, caso contrário, estamos a preparar uma sociedade sem controle, sem princípios, que os únicos meios que conhece são a anarquia e a violência.
Da mudança de atitude em cada um de nós, depende a mudança da sociedade. Nós não podemos modificar os outros, mas podemos modificar-nos a nós próprios. Se cada um modificar, um mínimo que seja, o seu comportamento para melhor, está a melhorar o mundo. Vamos por isso melhorar o nosso comportamento social positivamente, começando por utilizar as armas que a sociedade democrática, em que ainda felizmente vivemos, nos poe ao nosso dispôr.
Não exijamos da sociedade quando nada lhe damos em troca. "É preciso darmos para recebermos", é um ditado antigo que ainda não foi posto em causa.
Que o caso fatídico do menino de Mirandela sirva a todos de lição para sermos mais participativos na construção da sociedade em que vivemos.

Viana do Castelo, 2010-03-08
Manuel de Oliveira Martins

sábado, 6 de março de 2010

FELICIDADE - SER FELIZ


A felicidade conquista-se, não nasce connosco, vai-se adquirindo consoante cada um trabalha para alcançar esse bem. Há os que trabalham para alcançar a riqueza terrena, material e efémera, que se esfuma num ápice, num lance de jogo, numa catástrofe. A felicidade é eterna, permanente, porque construída e cimentada num alicerce espiritual.

O ser feliz depende de cada um e jamais depende de outra pessoa. Este aspecto leva-nos a reflectir sobre o sobrenatural e universal conceito da imortalidade e perenidade das coisas. Leva-nos a questionar sobre a nossa existência e a forma como vivemos a nossa vida.

Para se ser feliz é necessário sentirmo-nos bem connosco próprios, sem preconceitos, ser autêntico nas palavras e nas acções. Não se pode dizer que se é infeliz porque nascemos pobres (materialmente), quando nada fizemos para melhorar a nossa conduta para atingir esse nível espiritual. A pobreza material não é sinónimo de infelicidade nem a riqueza é sinónimo de felicidade.

O prazer espiritual que se atinge em cada acto da nossa vida constitui o alimento básico da construção dessa almejada felicidade. Quando praticamos um acto de amor, de amizade, de carinho, de solidariedade, de ajuda, desinteressadamente sem esperar retorno, estamos a construir essa felicidade, porque estamos a alimentar a nossa alma de nutrientes saudáveis que nos dão prazer e nos ajudam a ser felizes.

A felicidade é a serenidade, a paz de alma que sentimos dentro de nós, como se tivéssemos comido o melhor manjar do mundo, mais ainda, porque permanece em nós, não se desvanece, nem passa como o manjar material.

Quando ao fim de um dia de trabalho, em qualquer profissão, fazemos o inventário das nossas acções e chegamos à conclusão que em nossa consciência agimos bem, isso dá-nos uma sensação de alegria, de prazer, de tranquilidade, de paz interior; isso é felicidade.

A nossa consciência é o juiz que existe dentro de cada um de nós, que absolve ou condena os nossos actos. É o somatório da formação intelectual e espiritual de cada um. É portanto relativa, não quantificável em termos absolutos, por isso muito difícil de avaliar por alguém exterior a nós. O que seria de toda a humanidade se outro ser pudesse avaliar ou julgar a consciência de cada um de nós? O poder superior que criou o mundo, fê-lo tão bem feito que é possível vivermos harmoniosamente se obedecermos aos princípios que regem o universo. Não me refiro a princípios morais ou religiosos, inerentes a cada um e a cada religião, porque esses têm na sua génese o homem enquanto ser criado por esse poder superior, que está para além de nós e nos transcende. Aqui reside a fé de cada um.

Ouço muitas vezes, muitas pessoas queixarem-se da sua infelicidade, como se alguém pudesse ajudá-las a construir essa felicidade que tanto ambicionam, mas que na maioria das vezes nada fazem para conquistá-la. Não é com ajudas materiais ou mesmo com palavras que ajudamos alguém a ser feliz, às vezes ao querermos ajudar estamos a contribuir ainda mais para a infelicidade desse ser.

Como exemplo da ajuda material cito o caso de um indivíduo metido na droga. Quanto mais dinheiro lhe dermos mais ele se afundará no abismo. O inverso também é verdadeiro em alguns casos, mas o que importa salientar é que só depende dele construir a sua felicidade; é intrínseco a cada um encontrar o seu caminho para ser feliz.

A ajuda espiritual pode ter uma acção mais positiva, se escutada e entendida com atenção e vontade de melhorar e sair do abismo, mas mais difícil de conseguir, porque é menos tangível, menos palpável para a maioria dos seres, por isso menos conseguida.

Todo este arrazoado leva-nos a concluir que só depende de nós sermos felizes se nos empenharmos na construção dessa felicidade, não adianta culpar o próximo, os governantes, o mundo, pela nossa infelicidade.

Viana do Castelo, 2010-03-06


Manuel de Oliveira Martins