segunda-feira, 28 de setembro de 2009

GANHAR E PERDER

Na noite das eleições os políticos e comentadores afectos às facções políticas envolvidas, habituaram-nos a um jogo de perde e ganha em que invariavelmente ninguém perde, todos ganham.
Nestas eleições o panorama foi semelhante a outros actos eleitorais anteriores.
Começando pelo Partido Socialista (PS) é óbvio que foi o vencedor com 36,5% dos eleitores a preferirem-no, mas, por outro lado, perdeu a maioria absoluta. Dos 2.573.869 eleitores que lhe permitiram eleger 121 deputados em 2005, passou a 2.068.665 eleitores, ou seja 96 deputados. Houve um decréscimo de 505.204 eleitores equivalente a menos 25 deputados. É certamente uma grande derrota, se considerarmos que governou em maioria, com todas as condições  para fazer um bom trabalho, antes da crise surgir, o que não aconteceu.
O Partido Social Democrata (PSD) também ganhou relativamente a 2005 porque registou uma subida de 72 para 78 deputados, contudo, consideram os analistas que foi o grande derrotado porque se esperava mais do maior partido da oposição. Perdeu a oportunidade de ser governo.
O Centro Democrata Social-Partido Popular (CDS-PP) foi sem dúvida o grande vencedor porque ganhou em todos os aspectos. Passou de quarta para terceira força política, defraudando as expectativas do Bloco de Esquerda que ambicionava esse lugar e lutou por ele.Obteve 592.064 eleitores, mais 177.021 que em 2005 elegendo 21 deputados, mais nove que na última legislatura.
O Bloco de Esquerda(BE) continua a subir conseguindo nesta eleição dobrar o número de deputados através dum surpreendente score eleitoral de mais 192.679 eleitores relativamente às últimas eleições legislativas em que se demarcou positiva e definitivamente como força política em ascensão.Contudo, perdeu a possibilidade ambicionada de conseguir ser a terceira força política e assim determinar o sentido da governação de esquerda, como era seu intuito.
Por último o Partido Comunista Português-Partido Ecologista "Os Verdes"(CDU), foi uma força vencedora e perdedora, consoante a perspectiva da análise. Ganhou mais 14.165 eleitores o que lhe possibilitou eleger mais um deputado, porém, perdeu o lugar de terceira força política passando para a quinta posição, abaixo do Bloco de Esquerda.
A força política mais votada foi sem dúvida A ABSTENÇÃO; 3.678.536 eleitores equivalente a 39,4% dos portugueses,  não quiseram pronunciar-se, não votando.
Não se pode dizer que é uma força vencedora, por que quem não vota, não decide,  perde a possibilidade de se exprimir e assim contribuir para reforçar a democracia. Mas quem mais perdeu foi o País, que o mesmo é dizer o povo português.
Cada vez mais há entre os portugueses um desânimo e desencanto relativamente aos políticos e ao sistema, que se traduz na abstenção, pondo em causa o regime democrático.
Verificou-se nestas eleições uma fuga para as alas, um êxodo do eleitorado para os extremos, esvaziando o centro, penalizando-o pelas sucessivas governações sem êxito ao longo dos anos que levamos de democracia.
Com este pulverizado resultado eleitoral, no meio da crise em que o País se encontra, com o deficite que tem, nada pior podia acontecer a Portugal que uma indefinição política desta natureza.
O País precisa de estabilidade para resolver a crise. Ou os partidos se entendem para encontrarem uma solução de estabilidade governativa ou então o caminho para o afundamento será rápido e sem possibilidade de emergir da crise nos próximos anos.
Oxalá os responsáveis políticos, duma vez por todas abandonem os seus pruridos e deixem cair os galões em nome de Portugal e tenham a humildade de admitir que erraram uns, e, outros reconheçam que o facto de terem ganho não lhes dá o direito de fazer exigências, mas sim encontrar uma forma de entendimento para derrotar o desânimo e o desencanto que grassa na maioria dos portugueses, A ABSTENÇÃO, chamando-os a colaborarem na construção dum País moderno, solidário, humanista, inovador, onde apeteça viver e ser feliz.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

EMPREGO/TRABALHO

O tema do Fórum da T.S.F. desta manhã era sobre emprego. Fala-se muito na falta de  emprego, da necessidade de criar emprego, de como criar emprego, mas não se fala de preencher o emprego que há  em certos sectores e que ninguém está interessado nele.
Os portugueses, no seu país, dão-se ao luxo de escolher e rejeitar certo tipo de emprego para o qual estão qualificados, no entanto, quando emigram, aceitam todo o tipo de emprego, inclusive aquele que no seu país rejeitaram. 
Como explicar tudo isto? Por vergonha, por orgulho, desprestígio! Talvez um pouco de tudo, o que é lamentável.
Invocam na maioria dos casos, razões salariais mais elevadas, mas raramente referem as condições de trabalho a que se sujeitam para garantir emprego, quantas vezes precário e ilegal.
As razões salariais não são motivo que justifique a ausência do pais  e dos familiares, por que em geral, a diferença salarial é inferior ao desnível do custo de vida desses países relativamente ao nosso. 
A alimentação, os transportes, as rendas de casa, são mais elevadas na maioria dos países de emigração. O que acontece é que esses emigrantes, que rejeitam emprego no seu país, sujeitam-se a alimentar-se mais comedidamente, a irem para o trabalho a pé para economizar o passe do transporte e a viverem em casas sem condições mínimas, até por vezes em bairros de lata, coisa que no seu país em circunstância alguma aceitariam.
Ainda há bem pouco tempo, uma fábrica duma multinacional que se instalou recentemente no distrito de Viana do Castelo, teve dificuldade em contratar pessoal para iniciar a laboração da fábrica. Alegavam os que foram à entrevista que era pouco dinheiro para o trabalho que lhes propunham.
O fundo de desemprego, da forma como está a ser aplicado, não incentiva a quem se encontra numa situação crítica de desemprego, a procurá-lo para melhorar a situação de vida instável em que se encontra o desempregado, pelo contrário, constitui um estímulo ao desemprego.
O fundo de desemprego não pode suportar uma avalanche tão grande de desempregados durante tanto tempo, sustentado apenas por um cada vez mais reduzido número de contribuintes activos, sob pena de se dar o colapso económico-financeiro desse fundo (se é que já não se deu?).
Se os braços válidos que existem neste país se dispusessem a trabalhar, rapidamente sairíamos da crise em que vivemos constantemente. Para que este cenário se concretizasse só eram precisas duas coisas, confiança e seriedade.
Confiança da parte do trabalhador esperando que no final do mês o empregador lhe pague o salário justo em função do trabalho que efectuou. Seriedade do empregador que respeitando o princípio de "para trabalho igual salário igual", cumpriria com este dever fundamental.
O respeito mútuo entre empregador/trabalhador são a base do sucesso de qualquer actividade e contribuem para o crescimento da mesma e do país.
Cabe ao governo da nação fiscalizar as duas partes, criando regras simples, mas eficazes, para que o trabalho seja cumprido e dignificado.
Está nos manuais que a força do trabalho é o capital mais importante que um país tem para crescer a todos os níveis, cultural, social e económico.
Outro slogan que aprendemos,"é pelo trabalho que o homem se dignifica". Sem dúvida que o resultado de quem trabalha é um valor comparado com o resultado de quem nada faz.
Saibamos dignificar-nos, trabalhando para nosso benefício pessoal e da humanidade. Denunciemos os que nada fazem e incentivemo-los a trabalhar.
Costuma-se dizer que o trabalho dá saúde. É um facto que quando se anda absorvido com o trabalho não se pensa em doenças e muitas delas, especialmente as do foro psíquico desaparecem, porque não magicamos nelas.
Sou a favor do trabalho e contra o ócio. O trabalho não traz mal ao mundo enquanto o ócio só traz vício e mal.

domingo, 6 de setembro de 2009

INFLUÊNCIAS

Todos somos influenciados, quer queiramos quer não, em maior ou menor escala, consoante o nosso grau de independência relativamente aos aspectos essenciais da vida em sociedade.
Quanto maior for o sentido da responsabilidade, aliado ao dever intrínseco de cada um  em cumprir com os deveres de cidadania, menor é a influência e dependência face aos constantes apelos externos que proliferam na sociedade contemporânea.
A influência dos poderosos; política, económica e mesmo religiosa (já foi mais preponderante) é notória na sociedade, em pequenos e aparentemente irrelevantes  gestos, actos e atitudes. Aos olhos da maioria das pessoas é até tomado como um sinal de respeito, de prestígio, de autoridade, ... de poder!
O culto do poder é infelizmente ainda tido como algo que se tem para dominar os outros, para ser preponderante. Contrariamente, o detentor do poder deve usar esse poder em benefício da sociedade, quer no aspecto político, religioso e económico, por que esse poder advém dos outros, que através do voto, da fé ou do trabalho o elegeram, como sendo o mais indicado para exercer esse poder.
Ninguém no mundo, sozinho, consegue o poder sem a ajuda dos outros. O único poder que cada um pode obter sem a ajuda dos outros é o próprio poder (auto controle) sobre si mesmo. Aquele que consegue este domínio, costuma-se dizer que é dono de si e do mundo.
O ser que consegue este feito é normalmente um ser independente, íntegro, com uma personalidade e carácter invulgares. Nos dias de hoje poucos o conseguem e os que realmente conseguem reunir todos os atributos necessários, para se afirmar como tal, são sem dúvida os verdadeiros detentores do poder.
O mundo e a sociedade que formamos impedem-nos de seguir os sãos princípios que conduzem a um verdadeiro estado de poder.
Costuma-se dizer que o poder, tal como a maioria o entende, corrompe; ora, o poder como deve ser entendido, não pode em circunstância alguma corromper, sob pena de deixar de ser poder, para passar a ser corrupção.
O poder não pode ser influente. No momento em que influencia este ou aquele acto, esta ou aquela pessoa, deixa de ser poder para a ser tráfico de influência e ruir pela base.
O poder não pode ser prepotente, porque a partir do momento  em que alguém pretende usar o poder pelo poder deixa de ter poder para passar a ser um fraco que se vale do poder para se defender a si próprio.
Todos os dias nos deparamos com actos, atitudes ou gestos dos senhores, dito poderosos, com os quais não concordamos, mas que nos custa denunciar, faltando-nos coragem para o fazer. 
O pequeno gesto do sr. fulano...passar à nossa frente na fila do banco; o estacionamento do sr. Presidente da Câmara em cima do passeio, quando ele próprio impôs coimas a quem o pratique, etc..., devem ser denunciados, é um acto de cidadania e, é em nome dessa mesma cidadania que o devemos fazer. Só assim contribuiremos para a melhoria da sociedade em que vivemos, acabando com as influências dos poderosos sobre aqueles que os guindaram ao patamar do poder.
O poder que lhes conferimos através do voto, da fé de cada um, do trabalho honesto que desenvolvemos e que lhes permitiu a obtenção de lucros que só por si jamais os conseguiriam, a não ser por actos ou meios ilícitos, merecem respeito e reciprocidade de tratamento.
Aproximam-se as eleições legislativas e autárquicas, que cada um saiba utilizar o poder do voto, real e autêntico, em benefício do bem comum, isto é, ponderemos bem a quem devemos entregar o nosso poder para ser gerido convenientemente e não hipotecado mais uma vez, como tantas vezes tem sido.